O valor da raiva: as funções ético-normativas e políticas da emoção em contextos de injustiças sociais
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Data
2022-03-12Primeiro coorientador
Missagia, Juliana
Primeiro membro da banca
Frateschi, Yara Adario
Segundo membro da banca
Lopes, Rogério Antônio
Metadata
Mostrar registro completoResumo
A presente dissertação tem como objetivo investigar as funções éticas e políticas da
raiva em cenários de injustiças sociais, sistematizando o debate filosófico
contemporâneo sobre a emoção. Esse debate compreende uma gama de
argumentos que podem ser divididos em dois grupos: aqueles que formulam uma
crítica à raiva tanto do ponto de vista moral, quanto político, e aqueles que defendem
o papel moral e de transformação política potencializado pela raiva. No primeiro
grupo encontramos principalmente a obra de Martha Nussbaum (2016), que
sustenta que a raiva é uma emoção essencialmente retributiva e, por isso,
normativamente problemática e politicamente contraprodutiva. Por outro lado,
argumentos favoráveis à raiva foram desenvolvidos por tradições de autoras
feministas e antirracistas preocupadas com indivíduos pertencentes a grupos
socialmente oprimidos e com as possibilidades de superação de situações de
opressão. Nessas tradições, a raiva tem como papel central a reivindicação por
reconhecimento acerca das injustiças, e assume uma função de instrumento de
detecção de injustiças e de motivação para a ação social. Essas perspectivas
opostas têm gerado debates intensos e contínuos na filosofia moral, política e social
contemporânea, e a presente dissertação sistematiza esse debate de modo a
caracterizar suas diferentes ramificações e a desenvolver uma defesa limitada de
uma das posições presentes na literatura. A dissertação começa oferecendo um
guia geral sobre o que constitui a raiva, com a análise de seus componentes
cognitivos, fenomenológicos, expressivos e comportamentais, examinando suas
implicações para o debate ético-normativo e político da emoção. Nesse ínterim, é
analisada a perspectiva pluralista da raiva, em oposição à perspectiva retributiva.
Em seguida, é sistematizado e analisado o debate moral da raiva, a começar pela
crítica normativa da emoção desenvolvida por Martha Nussbaum (2016) e,
posteriormente, as abordagens da raiva que sustentam sua relevância moral e
política para agentes oprimidos socialmente. Por fim, a raiva é analisada como uma
emoção produtiva para a busca por justiça social, enfatizando uma oposição com a
crítica da ineficácia da raiva desenvolvida por Nussbaum (2016), e defendendo o
papel epistêmico e motivacional da emoção.
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