Território de gênero: da flexibilidade à precariedade do trabalho feminino no complexo de usinas hidrelétricas na cidade de Quevedos – Rio Grande do Sul
Fecha
2022-03-14Primeiro membro da banca
Sandalowski, Mari Cleise
Segundo membro da banca
Bridi, Maria Aparecida da Cruz
Metadatos
Mostrar el registro completo del ítemResumen
A cidade de Quevedos, localizada no interior do estado do Rio Grande do Sul, experimenta, desde o século XX, impactos acarretados pelas intervenções nos recursos naturais disponíveis, em prol de grandes empresas. Recentemente, houve a instalação de quatro pequenas centrais de empreendimentos energéticos, que desencadearam alterações significativas na estrutura ocupacional do local, a partir da incidência de mais de 500 postos de trabalhos diretos e outros, externalizados. Tal contexto propiciou um fluxo de trabalhadores e de trabalhadoras de geografias distintas, das regiões do Nordeste e Sul do país. Neste mesmo sentido, também ocorreu a crescente emergência de espaços prostitucionais. As mulheres, neste contexto, inseriram-se em empregos e em serviços periféricos e desvalorizados socialmente e moralmente. Diante disso, o objetivo deste estudo foi de analisar em que medida as transformações laborais associadas ao complexo de usinas hidrelétricas na cidade de Quevedos (RS), durante o período de 2018 a 2021, tem resultado em precariedade no trabalho feminino, bem como produzido um determinado território de gênero, associado as experiências comuns entre os espaços das usinas hidrelétricas e a prostituição local. Para isso, utilizou-se de uma pesquisa qualitativa, articulada a uma triangulação de dados, a partir de distintas fontes, como a técnica de entrevista narrativa, junto aos recursos da história de vida e da história oral, e uma pesquisa documental, para o adensamento dos dados sobre o mundo do trabalho feminino. A pesquisa indica que o território de gênero alude a experiências de classe comuns entre as mulheres que atuam nos empregos internos das usinas, assim como as inseridas na prostituição. As condições e as relações de precariedade laboral, referentes às altas jornadas, aos salários variáveis, às formas de controle, de repressão e de superexploração — expressivas no cotidiano da esfera de produção — impõem malefícios ao bem-estar das trabalhadoras, os quais coexistem com a necessidade delas estarem geograficamente móveis. Ambas as mulheres estão desprovidas de estabilidade e de segurança e vivem à margem do risco e da vulnerabilidade social, no entanto se utilizam da sociabilidade na labuta, para o acalento e para a elaboração de estratégias de resistências para se manterem nas ocupações. Além disso, vivenciam duras opressões de gênero nos espaços de trabalho. O território em questão se constitui dos pontos de vista objetivo e subjetivo, cujas dimensões práticas e simbólicas denotam a precariedade atravessada na vida, como um todo, destas mulheres, em decorrência do impacto das condições do trabalho flexível e das desigualdades sistemáticas de gênero e raça.
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