Periodicidades no fluxo de raios cósmicos e análise de choques interplanetários
Abstract
Muons e nêutrons que atingem a superfície terrestre com alta energia fazem parte de um conjunto de partículas chamado raios cósmicos secundários. Para estudar o fluxo destas partículas construiram-se monitores de nêutrons e muons. O estudo das periodicidades no fluxo de nêutrons já produziu interessantes resultados como, por exemplo, sua anticorrelação com o número de manchas solares. No ano de 2001 foi instalado no Observatório Espacial do Sul, em São Martinho da Serra, RS, o protótipo do Detector Multidirecional de Muons (MMDP). Neste estudo procurou-se pelas periodicidades embutidas nas séries temporais dos dados horários do detector vertical do MMDP através do software ARIST para verificar quais os fenômenos responsáveis por variações no fluxo de muons. Ejeções coronal de massa frequentemente propagam-se mais rapidamente do que a velocidade do vento solar, gerando à sua frente ondas de choques interplanetário. Um significante número dos choques são geoefetivos, ou seja, resultam em tempestades geomagnéticas moderadas e intensas. Outro efeito observado são os decréscimos no fluxo de raios cósmicos secundários, ou decréscimos de Forbush (DF), registrados por detectores de superfície. Investigaram-se as correlações entre os parâmetros de choque e as magnitudes dos respectivos decréscimos percentuais no fluxo de muons e nêutrons em seis detectores em dados de 2001. Constatou-se que as variações de velocidade, temperatura e campo magnético do meio interplanetário ocasionados por uma onda de choque estão associadas a decréscimos de raios cósmicos. A variação na densidade no meio interplanetário não possui qualquer relação com os DF.