Drogadição: a estimulação tátil recupera aspectos moleculares e comportamentais associados à recaìda por anfetamina em ratos adultos
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Data
2022-02-16Primeiro membro da banca
Antoniazzi, Caren Tatiane de David
Segundo membro da banca
Segat, Hecson Jesser
Metadata
Mostrar registro completoResumo
A drogadição é um transtorno neuropsiquiátrico crônico caracterizado pelo desenvolvimento de dependência, compulsão e frequentes episódios de recaída, já que os tratamentos disponíveis são ineficazes para prevenir tal situação. Considerando a drogadição, a anfetamina (ANF) exerce potente ação psicoestimulante, por atuar em receptores dopaminérgicos como D1R, transportador relacionado a recaptação de dopamina (DAT), podendo modular também fatores de transcrição como o deltaFosB, tendo como principal efeito o aumento de dopamina no espaço sináptico, sendo por isso frequentemente utilizada para fins recreacionais e relacionada à drogadição e recaída. Na busca de novas abordagens terapêuticas para tratar a drogadição e especialmente prevenir sua recorrência, a estimulação tátil (ET) é um manuseio que desperta interesse por sua capacidade de exercer neuroproteção em diferentes etapas do desenvolvimento. O objetivo do presente estudo foi avaliar a influência da ET sobre parâmetros de drogadição em ratos adultos expostos a um protocolo comportamental de preferência à ANF. Dois grupos de ratos Wistar machos (50 dias) foram expostos ao paradigma de preferência de lugar condicionado (PLC) com salina (NaCl 0,9%; n=20) ou Anfetamina (ANF - 4,0 mg/Kg; n=20) por 8 dias. Após o condicionamento e avaliação do comportamento de preferência pela droga (PLC-1), metade dos animais de cada grupo experimental foi submetida ao protocolo de ET, através de um manuseio aplicado gentilmente na superfície dorsal do rato no sentido crânio-sacal durante 8 dias (15 min, 3x/dia). A partir do 9º dia, os animais foram novamente expostos à ANF ou salina, por 3 dias adicionais no PLC para realização do teste de recaída à droga (PLC-2). A memória de trabalho e locomoção foram monitorados no labirinto em Y. Na sequência, os animais foram eutanasiados e o nucleus accumbens (NAc) foi dissecado para análises moleculares feitas através de western blot. As observações comportamentais mostraram que os animais condicionados com ANF apresentaram preferência pelo local em que receberam a droga no PLC-1, enquanto que a memória de trabalho e locomoção não mostraram diferença entre os grupos experimentais, indicando que a PLC foi decorrente dos efeitos hedônicos da ANF. Destaca-se que além de prevenir a recaída pela droga, como observado no teste de PLC-2, em nível molecular a ET foi capaz de modular o sistema dopaminérgico, por impedir o aumento ocasionado pela ANF na imunoreatividade dos receptores D1 (D1R) de dopamina, do transportador de dopamina (DAT), e da enzima tirosina hidroxilase (TH). Também exerceu esse mesmo efeito no fator de transcrição ΔFosB e nos níveis de receptores Mu-opioides (MOR) na área do NAc. Através desse estudo foi possível observar que a ET foi capaz de exercer influência neuroprotetora no NAc, a qual é uma importante área dopaminérgica mesolímbica do sistema nervoso central associada ao desenvolvimento e manutenção da drogadição, prevenindo a recaída à droga. Deste modo, sendo uma manipulação não invasiva e isenta de efeitos adversos, pode-se inferir que a ET pode ser um procedimento terapêutico adjuvante ou complementar no tratamento de drogadição por psicoestimulantes como a ANF.
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