Richardia brasiliensis Gomes: composição fitoquímica, atividade biológica e toxicidade
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Data
2022-07-22Primeiro membro da banca
Cadoná, Francine Carla
Segundo membro da banca
Santos, Gabriela Trevisan dos
Terceiro membro da banca
Dalcol, Ionara Irion
Quarto membro da banca
Garlet, Quelen Iane
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Plantas medicinais são utilizadas tanto na quimioprevenção quanto no tratamento de uma doença após
esta já ter sido instalada. No geral, apesar do amplo uso, o conhecimento a respeito da composição
fitoquímica, atividades biológicas, toxicidade e mecanismos de ação ainda são pouco exploradas. Neste
contexto, Richardia brasiliensis Gomes (Rubiaceae) é conhecida como “poaia-branca” e encontrada
praticamente em todos os continentes, aparecendo no Brasil, principalmente em regiões onde há
atividades agrícolas. É utilizada popularmente no tratamento do diabetes, hemorroidas, eczemas,
queimaduras, dentre outros. Apesar disso, poucos dados a respeito de sua constituição fitoquímica e sua
ação farmacológica foram encontrados. Assim, o objetivo deste trabalho foi identificar compostos
bioativos presentes nos extratos, através de diferentes métodos cromatográficos; determinar a
capacidade antioxidante in vitro, utilizando os ensaios de DPPH, anti-hemólise e ORAC; avaliar
parâmetros oxidativos como TBARS, EROs e ON; genotóxicos e citotóxicos como a viabilidade celular
pelo método MTT, quantificação de dupla fita de DNA através do ensaio do PicoGreen® e de fita simples
pelo método do DNA Cometa em leucócitos e PBMCs. Além de analisar a capacidade antiproliferativa
em diferentes linhagens tumorais (A375, MCF-7, HeLa, HT-29 e U87) e não tumorais (3T3), e realizar
análises de toxicidade aguda e em doses repetidas em modelo animal, seguindo protocolos da OECD.
No screening fitoquímico foram identificados: heterosídeos antociânicos, gomas, mucilagens, taninos,
amino-grupos, esteroides e/ou triterpenos, alcaloides, fenóis, cumarinas, ácidos orgânicos e flavonoides.
Através dos diferentes métodos cromatográficos utilizados, foram identificados quatorze polifenois com
destaque para a presença de rutina e ácido clorogênico. Alcaloides e terpenos também foram compostos
do metabolismo secundário com destaque tanto em extratos das partes aéreas quanto das raízes. No
doseamento dos metabólitos, houve diferença nas diferentes estações, sendo que as maiores
concentrações de polifenois totais ocorreram nos extratos de primavera, flavonoides no outono, porém
sem diferir do inverno e da primavera e taninos foram encontrados em alta concentrações no verão.
Quando os extratos foram submetidos à avaliação da capacidade antioxidante, as respostas foram
diferentes nos métodos utilizados, apresentando pronunciado efeito antioxidante nos ensaios da antihemólise e ORAC. Em relação aos parâmetros oxidativos, genotóxicos e citotóxicos, alterações foram
observadas principalmente nas concentrações mais elevadas. Na avaliação da capacidade
antiproliferativa, o extrato de R. brasiliensis foi promissor, reduzindo a viabilidade celular em cerca de
95% em células de melanoma humano (A375) e foi observado que os fitoquímicos presentes no extrato
foram capazes de ativar mecanismos que levaram as células à apoptose. No ensaio da toxicidade oral
aguda e em doses repetidas, não houve mortalidade e os animais não apresentaram sinais de toxicidade
durante o período dos tratamentos. Foram observadas alterações em parâmetros hematológicos e
bioquímicos, que estão dentro dos padrões para a espécie. Assim, os resultados obtidos apresentaram as
principais substâncias do metabolismo secundário vegetal responsáveis pelas atividades biológicas
atribuídas à espécie R. brasiliensis, demonstrando que os extratos são efetivos contra linhagens celulares
tumorais, com maior efetividade contra A375. No entanto, nas condições na qual a pesquisa foi
desenvolvida, os extratos apresentaram algumas alterações que podem estar indicando certo grau de
toxicidade in vitro em células leucocitárias e em PBMCs. Ademais, os ensaios in vivo sugerem que a
espécie é segura para uso pela população, porém mais estudos de toxicidade a longo prazo, são
necessários para afirmar esses dados.
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