Riscos e escritos no confinamento: uma análise do processo de troca de cartas com adolescentes em medida socioeducativa durante a pandemia da Covid-19
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Data
2022-07-07Primeiro membro da banca
Gurski, Roselene Ricachenevsky
Segundo membro da banca
Costa, André Oliveira
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Esse trabalho de dissertação de mestrado apresenta uma análise da atividade de troca de cartas
estabelecida entre extensionistas universitários e adolescentes privados de liberdade durante a
pandemia da Covid-19. As trocas de cartas se estabeleceram no contexto de um projeto de
extensão que realizava grupos de intervenção psicossocial com adolescentes que cumpriam
medida socioeducativa no Centro de Atendimento Socioeducativo Regional de Santa Maria
(CASE-SM), localizado na região central do Rio Grande do Sul. Durante o desenvolvimento
das atividades presenciais, diversas questões sobre o corpo, a posição de sujeito e os discursos,
dentre outras, possibilitaram que atividades de escrita, desenhos e tatuagens, dentre outras,
fossem desenvolvidas com o intuito de escutar e possibilitar a responsabilização dos
adolescentes com relação aos seus discursos. As atividades presenciais ocorreram até o ano de
2020, quando foram interrompidas em decorrência da pandemia da Covid-19. Com isso, teve
início a troca de cartas, inicialmente pensada para promover a manutenção de vínculo entre
extensionistas e adolescentes, mas, no decorrer das trocas, foi se constituindo um potencial
importante para uma intervenção, pois os adolescentes se inscreviam/escreviam nas cartas
enviadas ao grupo e a cada extensionista em particular. A partir disso, formulou-se a proposta
de análise desse processo, fazendo relação com a teoria psicanalítica e abordando de forma mais
específica as dimensões da escrita, da agressividade e do corpo. Os resultados dessa análise
estão estruturados em três capítulos: O primeiro capítulo faz referência à história do projeto,
apresentando o início das atividades com os adolescentes, em 2016, as principais atividades
desenvolvidas nos anos seguintes de forma presencial (2017-2019), culminando com o início
da atividade do envio das cartas no ano de 2020. O segundo capítulo enfoca o trabalho da troca
de cartas com os adolescentes na perspectiva de analisar o processo de escrita e uma possível
corporeidade derivada desse processo. O terceiro capítulo analisa o processo de troca de cartas
interrogando se o mesmo pode ser considerado como um dispositivo clínico, tendo a escrita
como caminho para a construção de posicionamentos subjetivos. Em conjunto, os resultados da
dissertação indicaram que é possível utilizar de diferentes dispositivos para possibilitar que os
adolescentes se manifestem, seja pela fala ou pela escrita, operando deslizamentos discursivos
importantes para o processo de constituição subjetiva, especialmente em um contexto de
privação de liberdade.
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