Relógio biológico de plantas medicinais: uma ferramenta para promoção, prevenção e recuperação da saúde na atenção básica
Resumo
A iniciativa de criar um horto medicinal, também denominado Relógio Biológico de Plantas Medicinais, caracteriza-se por ser uma ferramenta didática, que busca resgatar e valorizar os saberes populares sobre o uso das plantas medicinais, bem como criar um espaço que contribua para a promoção da saúde a partir do cultivo e da utilização das plantas medicinais. O horto foi construído no Centro Comunitário Dom Ivo, entre os meses de agosto e dezembro de 2020, onde já existia uma horta coletiva. A metodologia para a construção do relógio é baseada na Medicina Tradicional Chinesa, sendo constituído por 12 canteiros, além de um canteiro central, com duas plantas medicinais por espaços, totalizando 26 plantas. Cada uma dessas divisões corresponde a um órgão do corpo humano, que apresenta um ritmo energético no qual a energia passa pelo circuito de uma forma já determinada, obedecendo diariamente o mesmo percurso. Dessa forma, em 24 horas, cada um dos 12 meridianos tem um período de duas horas no qual sua atividade atinge o pico máximo de funcionamento. Objetivo: relatar a experiência de implantação de um Horto Medicinal Relógio Biológico de Plantas Medicinais e conhecer os saberes e as práticas dos usuários acerca do uso das plantas medicinais em uma Estratégia Saúde da Família (ESF) de um município da região central do estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Metodologia: pesquisa qualitativa, cujos sujeitos foram 20 usuários, acima de 18 anos, de ambos os sexos. A coleta de dados foi realizada por meio de questionário. Os resultados foram organizados em tabelas e analisados à luz da literatura, após parecer favorável do Comitê de Ética em Pesquisa. Resultados: com a construção do relógio biológico de plantas medicinais, obteve-se um espaço didático, unindo as plantas medicinais recomendadas para o tratamento de doenças específicas aos principais órgãos do corpo humano, informando os horários de maior atividade de cada órgão. O estudo revelou que os usuários têm o hábito de utilizar as plantas medicinais no seu cotidiano, saber que lhes foi transmitido pelos seus ascendentes. Embora esses usuários não conhecessem o relógio, todos sinalizaram a importância de se ter um espaço na comunidade para o cultivo de plantas medicinais. Conclusão: a criação do relógio resultou em um ambiente ideal para discussões de temas: didático, multidisciplinar, terapêutico, possibilitando a aproximação da comunidade de conceitos como: promoção de saúde, saber popular, medicina popular, plantas medicinais, alternativas terapêuticas, bem-estar, natureza, preservação do meio ambiente, biodiversidade e afins. Foi possível perceber que o uso das plantas medicinais como terapia popular encontra-se presente no cotidiano dos usuários, embasado no conhecimento tradicional compartilhado no meio familiar. A indicação do uso de plantas medicinais por parte dos profissionais de saúde foi mínima. Diante do exposto, é importante ressaltar a necessidade de haver mais profissionais capacitados sobre o tema, a fim de tornar mais seguro o uso das plantas medicinais.
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