“A saúde não é uma ilha”: metáfora e avaliatividade em coletivas de imprensa sobre a Covid-19 à luz da Linguística Sistêmico-Funcional
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Data
2022-09-30Primeiro membro da banca
Correa, Erick Kader Callegaro
Segundo membro da banca
Baldissera, Elaine Espindola
Metadata
Mostrar registro completoResumo
As metáforas lexicais ainda são pouco estudadas à luz da abordagem teórica e metodológica da
Linguística Sistêmico-Funcional, ainda mais a respeito de seu potencial avaliativo, revelado pela
investigação sob a ótica do sistema de avaliatividade. Na tentativa de contribuir para o preenchimento
dessa lacuna, este trabalho examina a avaliatividade das metáforas lexicais em coletivas de imprensa
brasileiras sobre a pandemia de covid-19, fenômeno que pode ser considerado o marco do fim do
século XX e o começo, de fato, do século XXI. O objetivo geral é analisar as avaliações presentes no
discurso do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, provocadas por meio das metáforas
lexicais empregadas em suas falas em coletivas de imprensa. Três são os objetivos específicos: a)
identificar as ocorrências de metáfora lexical em seis pronunciamentos de Mandetta; b) verificar quais
valores atitudinais as metáforas identificadas podem provocar; c) relacionar as metáforas e
consequentes avaliações ao contexto político do Brasil em tempos de pandemia. Para atender tais
objetivos, foi selecionado e transcrito o corpus, descrito o contexto de situação, identificadas as
metáforas lexicais, analisadas as metáforas a partir do sistema de avaliatividade (subsistema de
atitude) e quantificadas as ocorrências avaliativas. Os resultados mostraram que os temas ligados ao
novo coronavírus, à saúde e às implicações políticas da pandemia foram relatados e expostos em um
tom familiar, havendo a intenção, por parte de Mandetta, de ser compreendido pelo ouvinte e de
recomendar a ele a tomada de ações de cuidado. O total de ocorrências de metáforas lexicais foi de
489, a maioria convencional ou já conhecida por parte considerável dos brasileiros, sendo, então,
parte da estratégia de Mandetta para se aproximar do público que o assistia e escutava. Foi
identificado potencial avaliativo em 326 metáforas lexicais do corpus. Entre estas, a avaliação mais
predominante foi a de impacto negativo, e o item mais avaliado foi o coronavírus. Também foi
destaque a frequência de avaliações de julgamento positivo dos cidadãos e dos governantes.
Levando em conta o contexto de situação, pode-se afirmar que Mandetta se empenhou em construir
com os ouvintes o seguinte valor compartilhado: o coronavírus é um problema grave, que trará muitas
tristezas, mas somos resilientes e capazes de encará-lo. Em geral, o contexto de situação brasileiro
espelha-se nas falas de Mandetta por meio da presença de quatro valores atitudinais fundamentais:
impacto, complexidade, capacidade e tenacidade. É possível interpretar, por meio desses quatro
valores, a surpresa negativa do país (e do mundo) com uma doença praticamente desconhecida até
então, e a complexidade das ações necessárias para buscar resolver a situação em nível nacional.
Ao mesmo tempo, há um incentivo à população de que, juntos e unidos – porque ninguém é uma ilha
–, todos seriam capazes e resilientes no enfrentamento do vírus.
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