“Correspondemos a uma aspiração de nossa classe”: o pós-abolição a partir do jornal O Astro (Cachoeira e Rio Pardo, RS)
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Data
2022-03-28Primeiro membro da banca
Pinto, Ana Flávia Magalhães
Segundo membro da banca
Moreira, Paulo Roberto Staudt
Terceiro membro da banca
Santos, José Antonio dos
Quarto membro da banca
Santos, João Manuel Casquinha Malaia
Metadata
Mostrar registro completoResumo
O presente estudo está vinculado ao Programa de Pós-Graduação em História/UFSM, área de
concentração: História, Poder e Cultura e a Linha de Pesquisa: Cultura, Migrações e Trabalho
e propõe-se relacionar o estudo sobre a imprensa negra aos novos olhares sobre o pósabolição no Brasil. Neste sentido, esta tese dedica-se estudar O Astro, periódico que circulou
nos municípios sul-rio-grandenses de Cachoeira e Rio Pardo nos anos de 1927 e 1928.
Fundado pelos funcionários públicos José de Farias e Manoel Etelcides da Silva, colocava-se
como “órgão social do elemento de côr desta cidade”. Considerando esse impresso como uma
possibilidade de ser um porta-voz daquela comunidade, busca-se perceber quais eram as
preocupações, anseios e temáticas ali expressas e de que forma pautaram a construção da
cidadania naquele período do pós-abolição. O periódico será analisado como o ponto de
partida para investigação de um contexto maior, no qual as vivências negras estão imersas em
uma sociedade profundamente racializada, que trazia impedimentos em variadas frentes, seja
na invisibilidade construída a partir dos registros impressos da cidade, no racismo que
designava de espaços públicos e lugares sociais, assim como nas suas consequências mais
trágicas, como se deu com o assassinato de um homem negro rio-pardense que lutava pelo
direito a terra. Nos escritos d‟O Astro, compreende-se que as lutas e resistências das pessoas
negras davam-se cotidianamente, seja na valoração e positivação racial, nas reflexões sobre a
construção da cidadania, no destaque das personalidades públicas negras, nas homenagens às
individualidades, assim como na divulgação e apoio às várias organizações sociais,
recreativas, religiosas e esportivas das comunidades negras de Cachoeira e Rio Pardo. Neste
sentido, defende-se que O Astro, enquanto representante da imprensa negra que se articulou
na região, confere a materialidade de uma dimensão relacional que tem origens bem mais
profundas como grupo social, somando-se assim aos estudos historiográficos que vêm
demonstrando o protagonismo negro no pós-abolição. Assim sendo, além de pesquisar e
compreender a trajetória dos fundadores, busca-se conhecer os “receptores”, isto é, a
comunidade leitora envolvida e de que forma as suas vidas estavam entrelaçadas aos ideais
d‟O Astro. Para isso, aliado ao debate historiográfico sobre a imprensa negra e o pós-abolição
no Brasil, pautou-se, também, nos fundamentos teórico-metodológicos da micro-história para
auxiliar no cruzamento de fontes para reconstituir as experiências sociais das pessoas que
faziam parte das comunidades negras de Cachoeira e Rio Pardo. A imprensa negra não será
analisada apenas como uma empreitada individual dos fundadores compreendidos como
intelectuais negros, mas como ela articulou-se com as variadas estratégias no pós-abolição,
enquanto grupo social.
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