A construção de indicadores de qualidade para a acessibilidade comunicacional em veículos jornalísticos
Abstract
Este trabalho problematiza o entrelaçamento da acessibilidade comunicacional e do jornalismo e propõe a construção de indicadores de qualidade como proposta de parâmetro de avaliação dos veículos jornalísticos em ambiente digital. O jornalismo se enuncia como representativo da diversidade social e que é um modo de produção e circulação de sentidos sobre a realidade (BENETTI, 2013), mas que não consegue abarcar todos os públicos e realidades na medida em que não é acessível para pessoas com deficiência (SEGATTO, 2015; BONITO, 2015; BERALDO, 2021; PEREIRA, 2021). As principais lacunas deste tema de estudo estão nas leis invisíveis (BONITO, 2015), na ausência da acessibilidade em produtos jornalísticos em meio digital (SEGATTO, 2015; BERALDO, 2021), a barreira atitudinal por meio do capacitismo e a ausência de uma cultura profissional que não pauta a acessibilidade comunicacional como parte de um processo de produção jornalística (BERALDO, 2021). A partir desta base conceitual, parte-se para a construção da monografia. Em um primeiro momento, fez-se uma revisão bibliográfica da literatura sobre a temática. A partir de referências bibliográficas que incorporam o jornalismo regional (BORELLI, 2015), definiu-se veículos jornalísticos em ambiente digital como objetos empíricos da investigação, nos quais serão aplicados os testes dos indicadores. Por meio de parâmetros como circulação, auditoria e alcance da Associação Nacional de Jornais (ANJ) e do Instituto Verificador de Comunicação (IVC) acerca de veículos do Rio Grande do Sul, a análise centra-se no Diário Popular (Pelotas/RS) e no Pioneiro (Caxias do Sul/RS). Depois desta etapa, partiu-se para a primeira redação dos indicadores, definidos por meio de quatro categorias: relacionadas à produção jornalística e à acessibilidade; à empresa jornalística; ao nível técnico do site e à legislação. A redação é feita por meio de documentos, guias, relatórios e estudos consolidados com relação ao que é a acessibilidade comunicacional, a exemplo do Relatório WCAG para acessibilidade. Como delimitação, a abordagem se dá por meio de elementos de acessibilidade visual, auditiva e cromática, que são mais diretamente ligados à comunicação. As etapas seguintes compreenderam o teste de aplicabilidade dos indicadores nos objetos empíricos, os testes de usabilidade com pessoas com deficiência, as entrevistas com representantes dos veículos analisados e o estabelecimento do sistema de pontuação. Entre os resultados, o veículo Pioneiro teve vantagem em relação ao Diário Popular, em parte por conta da política institucional que busca valorizar a acessibilidade. No ranking, o Pioneiro ficou com 3,196, e o Diário Popular, com 2,523. Os números baixos evidenciam a acessibilidade comunicacional, atitudinal e técnica como lacunas. Compreendemos que os indicadores são aplicáveis e, a partir de pequenos ajustes, podem ser usados como ferramenta para avaliação da acessibilidade comunicacional no Jornalismo.