Aspectos epidemiológicos da infecção por Leishmania spp. em gatos-domésticos
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Data
2023-03-31Primeiro membro da banca
Olinda, Robério
Segundo membro da banca
Tonin, Alexandre Alberto
Metadata
Mostrar registro completoResumo
As leishmanioses são um grupo de doenças crônicas, em sua maioria zoonóticas, que estão entre as doenças transmitidas por vetores de maior importância no contexto da saúde pública mundial. Em todos os hospedeiros susceptíveis, são causadas por protozoários flagelados do gênero Leishmania, transmitidos principalmente por meio da picada de vetores invertebrados infectados pertencentes à subfamília Phlebotominae, com as espécies Lutzomyia spp. e Phlebotomus spp. sendo as de maior relevância na transmissão. Na medicina veterinária, a leishmaniose canina é a mais amplamente estudada devido ao papel do cão como principal reservatório urbano de L. infantum, agente etiológico da leishmaniose visceral em humanos, assim como pela importância da leishmaniose na medicina canina. Os gatos sempre foram considerados refratários à infecção. Entretanto, o papel do gato-doméstico no ciclo biológico desses patógenos vem sendo questionado a partir de um aumento do número de casos de leishmaniose felina, assim como de relatos de infecção por Leishmania spp. na espécie nos últimos anos. Assim, os objetivos desse trabalho foram a confecção de uma revisão bibliográfica sobre leishmaniose felina, assim como uma triagem soroepidemiológica por meio da reação de imunofluorescência indireta (RIFI) de amostras de soro 389 gatos submetidos à necropsia, a fim de compreender se os gatos estão sendo expostos à Leishmania spp., apesar de não haver casos conhecidos de leishmaniose felina na região de estudo, a despeito de ser uma área de transmissão de L. infantum. Aspectos epidemiológicos desses gatos foram obtidos, como sexo, estado reprodutivo, faixa etária, raça, comprimento e coloração/padrão de pelagem, infecção pelo vírus da imunodeficiência felina (FIV) e/ou vírus da leucemia felina (FeLV) foram coletados e correlacionados com a soropositividade na RIFI. A frequência de detecção de anticorpos anti-Leishmania spp. nos gatos testados foi de 11,05% (43/389), com associação estatística positiva entre a soropositividade e a coloração de pelagem dentro do espectro laranja com amplas partes brancas, com p=0.044 e OR=2.47 (1 – 6.13) e negativa em relação à infecção pelo FeLV, com p=0.01 e OR=0.38 (0.18 – 0.79). Não foram encontradas outras correlações. Com isso, conclui-se que os gatos estão sendo expostos à Leishmania spp., de maneira que estudo moleculares complementares serão úteis futuramente na diferenciação entre exposição e infecção ativa nesses gatos. Adicionalmente, espera-se que as informações descritas auxiliem na rotina diagnóstica de clínicos e patologistas veterinários, a fim de que conheçam a doença, sua patogênese e lesões/manifestações clínicas associadas, assim como o diagnóstico, tratamento e prevenção, devido à leishmaniose felina ser uma doença emergente no mundo todo.
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