Carroceiros de Cruz Alta/RS: trabalho de coleta de materiais recicláveis e disputas por reconhecimentos sociais
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Data
2022-11-24Primeiro membro da banca
Neves, Delma Pessanha
Segundo membro da banca
Piccin, Marcos Botton
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Essa dissertação tematiza relações de trabalho de carroceiros e suas estratégias sociais
para manterem-se na coleta de materiais recicláveis, no município de Cruz Alta-RS. A
pesquisa tem como objetivo compreender os processos sociais que produziram os
trabalhadores coletores de materiais recicláveis, o cotidiano de trabalho na cidade e as
lutas sociais para permanecer na atividade, em face do crescimento dos movimentos de
defesa dos direitos dos animais. A pesquisa utilizou uma abordagem qualitativa. A
amostragem da pesquisa foi constituída por doze carroceiros, moradores de diferentes
bairros, escolhidos pela participação nas lutas de resistência na manutenção no ofício e
pela participação em projeto social instituído pelo poder municipal. Os dados da pesquisa
foram levantados a partir de entrevista semiestruturada e da observação de uma jornada
de trabalho cotidiano de um carroceiro. As trajetórias de vida desses carroceiros estão
marcadas por processos de exclusão social no meio rural, falta de oportunidades laborais
no meio urbano e precarização das políticas de educação e de assistência social. Os
carroceiros procuram estabelecer com seus cavalos relações de parceria e de cuidados,
para mantê-lo bem alimentados e capazes de executar o trabalho. Os carroceiros
organizam o cotidiano de trabalho de diferentes formas, mas sempre contam com a
“sorte”, para encontrar grande quantidade de materiais recicláveis ou receber doações de
móveis, eletrodomésticos, dinheiro, alimentos, roupas, dentre outros bens de consumo.
Os carroceiros compõem a renda familiar pelo comércio dos resíduos recicláveis e pelos
programas de transferência de renda, em difícil balanço para administrar as necessidades
familiares e a manutenção do animal e equipamentos da carroça. A administração
municipal não possui leis e políticas públicas permanentes para reconhecimento social do
ofício de carroceiros. O uso de cavalo tornou-se um problema social, construído pelas
sociedades de defesa dos direitos dos animais e pela aprovação de leis de proteção dos
direitos dos animais. Os carroceiros organizam lutas pelos direitos ao trabalho, ao acesso
à cidade e aos materiais recicláveis, bem como levantam debates sobre a importância
ambiental do trabalho, pela redução de lixo descartado pela sociedade de Cruz Alta.
Conclui-se que a falta de reconhecimento legal do trabalho e a atuação de agentes
socialmente organizados em defesa dos animais são desafios para a continuidade do
trabalho dos carroceiros.
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