Humano e máquina: em busca de um duplo ciborgueano
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Data
2022-07-28Primeiro membro da banca
Corrêa, Helga
Segundo membro da banca
Ribeiro, Niura Aparecida Legramante
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Esta pesquisa em Artes Visuais traz realizações artísticas que abordam as angústias
sentidas pelo artista ao interagir com o meio tecnológico digital, tendo por objetivo
explorar as relações híbridas com o computador na arte digital, utilizando-se do retrato
selfie como proposta artística. Conceitualmente, desta autorrepresentação emerge a
figura do ciborgue, que serve como fio condutor da obra digital. Sabendo que, em arte,
não é a máquina computacional que deve prevalecer ao trabalho do artista, busco levar
em consideração a subjetividade existente nesta ação. Tal processo de pesquisa poética
apoia-se no método proposto por Sandra Rey (1996), a partir de René Passeron (1989),
para os desenvolvimentos prático e teórico. O apoio bibliográfico de Edmond Couchot
(2003, 2017), Villém Flusser (1998) e Giorgio Agamben (2009) contribui nos entendimentos
das relações de interação e uso tecnológicos; e Donna Haraway (2009) auxilia no que
tange às questões da figura do ciborgue. Conto ainda com David Le Breton (2013) para
maior esclarecimento sobre o corpo impactado pelos meios tecnológicos, juntamente
com Arlindo Machado (2001, 2002) no aprofundamento das relações entre humano e
máquina. Como referências artísticas, os trabalhos dos artistas Stelarc, ORLAN, Lu Yang
são relevantes pela interferência tecnológica no corpo físico e digital, e Cindy Sherman
com seus retratos que contestam a aparência real pela modificação irreal. Após apropriarme de tais referências, realizei selfies com smartphone, seguidos de interferências digitais
com os softwares Photoshop®, Illustrator® e CorelDRAW®. Na busca de identificação
das características ciborgueanas resultantes do amálgama da subjetividade do artista
com a identidade científica da programação maquínica, meus retratos se transformaram
em duplos ciborgueanos. Estabelecendo o selfie como modelo de autorretrato, realizo
o diálogo com a tecnologia digital, através de interferências realizadas na estética das
imagens, buscando evidenciar o conceito proposto do ciborgue e projetando estas relações
para além daquelas estabelecidas entre artista e máquina, deslocando a percepção do
conceito de ciborgue para a regência do jogo de poder que advém do contato com os
meios tecnológicos. Os selfies apresentados são fontes de questionamentos a respeito
da minha própria imagem e do impacto que a tecnologia tem sobre o reconhecimento
do duplo criado; ao promover este movimento de aproximação entre o ser humano e a
máquina, percebo o desejo de imbui-la de humanidade, ao passo em que me afeto pela
obsolescência do corpo, frente aos aprimoramentos possíveis oferecidos pela tecnologia.
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