Dêixis e a subjetividade inscrita na língua: a manifestação de dêiticos em enunciações orais e escritas de sujeitos com afasia
Fecha
2023-04-10Primeiro membro da banca
Flores, Valdir do Nascimento
Segundo membro da banca
Mezzomo, Carolina Lisboa
Metadatos
Mostrar el registro completo del ítemResumen
Esta pesquisa busca compreender, por meio da análise enunciativa da linguagem de
sujeitos com afasia, o fenômeno da dêixis atrelado aos tipos de afasia propostos por
Jakobson. Para tanto, foram inter-relacionadas e analisadas produções escritas e
orais de dois sujeitos com afasia que integram o Grupo Interdisciplinar de Pesquisa
(GIC) da Universidade Federal de Santa Maria (RS), tendo por base as classificações
sobre afasia feitas pelo primeiro linguista a voltar-se às questões da linguagem em
distúrbio, Roman Jakobson. Para entendermos os dêiticos na linguagem de sujeitos
com afasia, seguimos a proposição de Émile Benveniste de que o homem se constitui
como sujeito na e pela linguagem e, com isso, elegemos a teoria benvenistiana sobre
enunciação para subsidiar nossas reflexões. Nessa perspectiva, o fenômeno da dêixis
revela o sujeito no ato de produção de um enunciado único e irrepetível e é empregado
como forma de referenciar o mundo por meio do discurso. Portanto, em fatos
enunciativos escritos e orais, foram considerados os marcadores de pessoa, espaço
e tempo, assim como os aspectos não verbais (gestuais) implicados na constituição
de sentidos nas situações enunciativas. Cada participante da pesquisa frequentou
seis oficinas de escrita e socializou oralmente, com o restante do Grupo, as temáticas
desenvolvidas em cada um dos encontros. As manifestações dêiticas nos registros
orais coletados levaram-nos à observação de que há certa veemência de marcadores
de pessoa nos fatos enunciativos relacionados aos distúrbios de similaridade e, muitas
vezes, o emprego de gestos metaforizados, de apontamento e de expressão facial
com significados diversos. Já nos fatos enunciativos orais relacionados ao distúrbio
de contiguidade, são veementes os indicadores espaço-temporais, com pouco
emprego do pronome “eu”. Nos registros escritos, o distúrbio de contiguidade
manifesta a inexistência de dêiticos espaciais e a permanência de marcadores de
pessoa. No distúrbio de similaridade, a escrita apresenta regularidade no uso do
pronome “eu” e de verbos conjugados no passado, presente e futuro. Por fim,
entendemos que a inter-relação das manifestações dêiticas na oralidade e na escrita
e os tipos de afasia propostos por Jakobson apontam para possíveis deslocamentos
na compreensão da linguagem em distúrbio.
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