Alteridade, universitários imigrantes e fronteiras (in)visíveis na UFSM: um estudo em representações sociais
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Date
2023-06-29Primeiro membro da banca
Novaes, Adelina de Oliveira
Segundo membro da banca
Maciel, Silvana Carneiro
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Os números em relação às migrações têm estado em ascensão, assim como a presença de imigrantes nas instituições de ensino superior. Dessa forma, nota-se a necessidade de se compreender questões relacionadas aos estudantes universitários imigrantes, especialmente o racismo
e a xenofobia. Na perspectiva da Teoria das Representações Sociais (TRS), o racismo é uma
representação social e se expressa de diversas formas, tanto explícitas quanto implícitas, sendo
uma forma de apreensão da alteridade. Esta pesquisa, no nível de mestrado, pretendeu conhecer
as expressões de alteridade em contextos da universidade pública a partir das narrativas de servidores sobre estudantes imigrantes, observando as dinâmicas de reconhecimento e acolhimento das diferenças culturais e psicossociais. Delineamos uma pesquisa qualitativa, cujo método inclui os instrumentos: Questionário Características Gerais dos(as) Participantes (Q-CGP)
e uma entrevista semiestruturada, na qual utilizamos também imagens como disparadores de
associações livres. Realizamos dez entrevistas com servidores da UFSM, lotados em cinco Unidades de Ensino. A análise qualitativa das informações ocorreu por meio do Método de Interpretação de Sentidos, à luz de autores que se inscrevem na psicologia social crítica e/ou na TRS.
Nossa assertiva inicial foi que, devido à cultura brasileira xenofóbica/racista/machista, ao desconhecimento e ao estranhamento frente às diferentes culturas dos países de onde se originam
os universitários imigrantes, os servidores da UFSM têm dificuldades de estabelecer com eles
relações que contribuam para o acolhimento da alteridade. Confirmamos essa assertiva e encontramos que alguns elementos das representações sociais sobre os estudantes imigrantes estariam ligados a um estereótipo de refugiado, intrincados, mas ainda em confusão com os termos “imigrante” e “intercambista”. Outro elemento seria a ideia de deficiência, pois a percepção de uma suposta incapacidade desses estudantes se conectaria com ideias de imaturidade,
dependência e infantilização, despertando, assim, a benevolência, uma forma de preconceito.
Percebemos a existência de xenofobia racializada na UFSM, na medida em que existem diferenças nas atitudes e nos discursos em relação a estudantes refugiados em comparação com
intercambistas, mas de forma mascarada. Com um olhar interseccional, encontramos que a maternidade e os relacionamentos amorosos aparecem no discurso das pessoas entrevistadas como
uma camada adicional de desempoderamento das mulheres estudantes imigrantes. Por fim, encontramos que o modo como a instituição lida com a alteridade trazida pelos estudantes imigrantes e refugiados é principalmente por meio da invisibilização. Este estudo está ligado a um
projeto de pesquisa maior, intitulado “Sexualidades, Práticas Reprodutivas e Violências em
Tempos Vir(tu)ais na Nova República Brasileira. Pensando sobre o Mal-estar na Cultura, Alteridade, Laços Afetivos e Subjetividade”.
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