“De colombia con amor”: a comida no processo de construção de memória coletiva das famílias de refugiados colombianos em Santa Maria, RS
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Data
2023-06-17Primeiro membro da banca
Menasche, Renata
Segundo membro da banca
Siqueira, Monalisa Dias da
Terceiro membro da banca
Santos, Miriam de Oliveira
Quarto membro da banca
Assis, Glaucia de Oliveira
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Esta tese apresenta uma discussão sobre o lugar da comida “colombiana” na construção de
memórias entre e com famílias de refugiados colombianos reassentados na cidade de Santa
Maria, no Rio Grande do Sul, Brasil. Nesse contexto específico de mobilidade, observou-se o
cultivo e colheita de temperos, a busca dos ingredientes nos mercados, a negociação deles, a
preparação, distribuição e, por último, a partilha dos alimentos em coletividade como uma
forma de se narrar e se recolocar no mundo pós a experiência traumática da expulsão do país
de origem. Desenvolve-se assim uma discussão partindo dos conceitos da antropologia da
alimentação, das mobilidades e deslocamentos e dos estudos sobre memória, para compreender
o poder comunicativo que a comida tem; evocando sentimentos e memórias do país de origem,
criando vínculos transnacionais que vão além da reivindicação de uma identidade nacional e
produzindo hábitos que são transmitidos de geração para geração. A pesquisa foi desenvolvida
entre março de 2019 e dezembro de 2022, no entanto, algumas das informações às quais me
que refiro aqui, foram registradas anteriormente por meio da minha experiência como
colombiana em Santa Maria e da minha participação direta nestas redes de colombianos. Por
meio de pesquisa etnográfica, e o uso intensivo da observação participante, entrevistas,
convívio presencial e nas redes sociais virtuais, conheceram-se as comensalidades,
sociabilidades e construções narrativas possibilitadas por meio da comida colombiana em Santa
Maria. Conclui-se que os espaços de comensalidade são eventos nos quais se reproduz o corpo
social, rememora-se o país de origem e se ressignificam momentos passados de escassez. A
observação da comida no contexto de refúgio apontou que manter as práticas alimentares “como
na Colômbia” foi uma estratégia de busca de sentido no cotidiano e uma forma de lembrar de
um país de origem em paz, isto é, quando os alimentos eram levados à mesa, em diversas
ocasiões, eram os encarregados de mediar o processo de inserção na cidade do interior do Rio
Grande do Sul, uma forma de também falar de dor e perda sem usar palavras.
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