Aspectos anatomopatológicos da tireoide de gatos domésticos necropsiados na região central do Rio Grande do Sul (2022-2023)
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Data
2023-11-13Primeiro membro da banca
Costa, Samay Zilmann Rocha
Segundo membro da banca
Kommers, Glaucia Denise
Metadata
Mostrar registro completoResumo
A tireoide tem uma grande importância na medicina felina devido à alta prevalência do
hipertiroidismo nessa espécie. Esta é considerada a principal endocrinopatia em gatos idosos,
estando associada a alterações proliferativas foliculares primárias. Enquanto isso, o
hipotireoidismo é uma endocrinopatia rara em felinos. Até o momento, existem poucos estudos
avaliando as lesões de tireoide em gatos. O objetivo deste trabalho é caracterizar as alterações
tireoidianas proliferativas e não proliferativas em uma população de 61 gatos submetidos à
necropsia sem suspeita clínica prévia de alterações tireoidianas. Nosso objetivo também foi
investigar possíveis associações entre presença de lesões tireoidianas proliferativas, faixa etária
afetada e lesões cardíacas e renais concomitantes. Para isso, foi realizada coleta e avaliação
anatomopatológica das tireoides de gatos submetidos à necropsia (2022-2023) em um
laboratório de patologia veterinária da região central do Rio Grande do Sul, Brasil. Durante a
necropsia, ambas as tireoides foram analisadas macroscopicamente, coletadas, fixadas em
formol tamponado a 10%, processadas rotineiramente e coradas pela técnica de hematoxilina e
eosina (HE). Das 61 tireoides analisadas, 15 (24,6%) apresentavam alguma alteração
macroscópica e 48 (78,7%) tinham alguma alteração histológica, das quais 33 tinham alterações
proliferativas e as 48 tinham alguma alteração não-proliferativa. No primeiro manuscrito, foram
analisadas as alterações proliferativas, sendo essas diagnosticadas como hiperplasia (18/33
[54,5%]), adenoma cístico (6/33 [18,2%]) e carcinoma microfolicular (1/33 [3,03%]).
Observou-se uma correlação positiva entre escores proliferativos mais altos e idade mais
avançada. Aproximadamente metade (48,4%) dos gatos com lesão proliferativa tinham um
escore de proliferação igual ou acima de A4, escore mais frequentemente associado a
hipertireoidismo. Dos 33 gatos com lesão proliferativa, 10 (30,3%) tinham cardiomiopatia
hipertrófica e 11 (33,3%) lesões renais concomitantes. Os resultados observados nesse primeiro
estudo sugerem que o hipertireoidismo felino possa estar sendo subdiagnosticado clinicamente
nessa região. No segundo manuscrito, foram investigadas as alterações não-proliferativas de
tireoide. Cistos foliculares (28/61 [45,9%]), acúmulo de lipofuscina (28/61 [45,9%]) e tecido
tímico ectópico (7/61 [11,5%]) foram os achados mais comuns, sendo este último observado
em gatos jovens. Algumas das lesões não-proliferativas observadas nesse segundo estudo têm
um potencial para causar hipo ou hipertireoidismo em felinos. A alta prevalência de alterações
histológicas na tireoide de gatos sem suspeita clínica prévia de doença tireoidiana na região
central do Rio Grande do Sul é o principal achado desse trabalho, e ressalta a importância da
investigação de alterações tireoidianas em gatos domésticos, mesmo naqueles indivíduos que
não apresentam um aumento de volume tireoidiano palpável. Espera-se que esse estudo venha
a contribuir para o aumento da investigação e melhora no diagnóstico do hiper e hipotireoidismo
em gatos.
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