Florística e estoque de carbono em áreas em processo de restauração florestal no noroeste do Rio Grande do Sul.
Resumo
O desmatamento e a degradação florestal são ameaças críticas à biodiversidade e à provisão de serviços ecossistêmicos, sendo a Mata Atlântica uma das formações florestais mais ameaçadas do mundo. A restauração florestal emerge como uma ferramenta crucial para recuperar as funções ecológicas de ecossistemas degradados. Assim, o plantio de espécies arbóreas é altamente benéfico na restauração florestal, uma vez que aumenta a viabilidade de ocorrer a sucessão secundária ou acelerar esse processo. Dentre os benefícios da restauração florestal deve-se enfatizar que a mesma é uma ferramenta crucial para neutralizar o carbono e combater as mudanças climáticas. O potencial de sequestro de carbono em áreas alteradas em processo de recuperação no planeta é estimado em 4,4 Pg C ano-1. Com isso, o presente estudo teve como objetivo analisar a riqueza, o aporte de biomassa e o estoque de carbono da biomassa acima do solo e da serapilheira em áreas em processo de restauração florestal no sul do Bioma Mata Atlântica. O estudo foi realizado em três áreas em processo de restauração florestal, sendo área em processo de restauração ativa com espécies nativas (APRA1); área em processo de restauração ativa com espécies nativas e exóticas (APRA2) e área em processo de restauração passiva (APRP). Foi realizado inventário fitossociológico, e posteriormente, determinou-se a riqueza e a biomassa acima do solo (BAS). A quantificação da biomassa na camada de serapilheira (BS) foi quantificada por meio de molduras de 0,0625m². A partir dos valores de biomassa foram determinados os estoques de carbono para os dois compartimentos, nas três áreas estudadas. Entre as áreas de estudo, constatou-se maior número de espécies na APRA1, constatando-se a presença de 40 espécies. Dentre as espécies amostradas na APRA1, as que apresentaram maior IVC foram Sebastiania commersoniana, Prunus myrtifolia, Cupania vernalis, Eugenia uniflora e Jacaranda puberula. No que se refere a biomassa e estoque de carbono na biomassa acima do solo, verificou-se diferença significativa (p<0,05) entre as áreas de estudo. A APRA1 mostrou
as maiores médias de BAS e carbono na biomassa acima do solo (CBA). A APRP, 13 anos após atividades antrópicas, apresentou resultado inferior a APRA1. Em contraste, a APRA2, após 3 anos do plantio de espécies nativas e exóticas, apresentou os menores valores de biomassa acima do solo e estoque de carbono. Enquanto os estoques de BS e carbono na camada de serapilheira foram superiores na APRP, sendo os menores valores obtidos na APRA2. A restauração ativa possibilita maior estoque de carbono na biomassa acima do solo em comparação com a passiva, considerando que o uso de plantios mistos de espécies nativas otimiza o uso de nutrientes em solos menos férteis. Desse modo, a restauração desempenha papel crucial na mitigação das mudanças climáticas, uma vez que possibilita o rápido crescimento e recobrimento e aumenta o número de espécies presentes na área, facilitando o processo de sucessão florestal.
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