Do III Reich ao Rio Da Prata: uma análise do afundamento do Admiral Graf Spee e a internação de seus ex-tripulantes na Argentina (1939-1946)
Resumo
A Batalha do Rio da Prata, sucedida no dia 13 de dezembro de 1939, foi um confronto direto
da Segunda Guerra Mundial desenvolvido em território sul-americano, tendo como seus
protagonistas o encouraçado alemão Admiral Graf Spee e três navios da frota britânica. Por
consequência dos danos sofridos nos embates, o navio alemão atracou no porto de
Montevidéu, assim originando uma série de reuniões entre representantes diplomáticos em
razão do contexto inicial de neutralidade deste país na Segunda Guerra. Como resultado das
negociações, o governo uruguaio concedeu 72 horas para que o Graf Spee realizasse os
reparos necessários e se retirasse do porto. O encouraçado alemão foi propositalmente
afundado e sua tripulação foi transportada até a Argentina, onde foram internados em
diferentes localidades do país. A bibliografia existente sobre a Batalha do Rio da Prata
apresenta um enfoque em aspectos de ordem militar e estratégica, negligenciando quase todo
o contexto político-social referente ao processo de negociações diplomáticas e à inserção de
1.055 marinheiros alemães na sociedade argentina. Em razão disso, a presente pesquisa se
configura enquanto uma investigação histórica e tem por finalidade inserir os eventos
posteriores aos confrontos navais em seu contexto histórico mais amplo. Por meio de revisão
bibliográfica e análise de fontes históricas, são apresentados os elementos jurídicos e o
contexto político da região platina que condicionaram a sucessão de eventos após a chegada
do Admiral Graf Spee ao porto de Montevidéu; bem como, sendo este o ponto central da
pesquisa, as principais atividades desenvolvidas pelos ex-tripulantes em território argentino.
Dentre as fontes analisadas, se destacaram dois elementos: as diversas denúncias de
transgressões às normas de internação, especialmente os casos de fugas; e o processo de
socialização e de inserção dos ex-tripulantes que permaneceram na Argentina até o início de
1946, no qual são explorados os casos das localidades de Villa General Belgrano e de Sierra
de la Ventana e os registros de matrimônios de marinheiros.
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