A “cultura do cancelamento” na Folha de São Paulo: o enquadramento jornalístico de uma nova forma de ação coletiva
Resumen
Este trabalho pretende analisar a “cultura do cancelamento” como fenômeno novo de ação coletiva na era digital a partir de seu enquadramento pelo jornalismo da Folha de São Paulo. Devido à influência considerável das plataformas digitais nas formas de ação coletiva da contemporaneidade, o ato de “cancelar” vem recebendo repercussão por se tratar de um novo repertório de ação essencialmente midiático, o qual está ora associado a atitudes de intolerância, compreendido como uma ameaça à liberdade de expressão, derivante de práticas recorrentes socialmente, como ao boicote e a “ditadura do politicamente correto”, e ora identificado como uma nova forma de ativismo que busca por justiça social. A análise de seu enquadramento midiático em um veículo jornalístico nos permite conceber de que modo o debate a respeito deste tema alcança um amplo público e de que forma o jornalismo reconfigurado na era digital lida com tal fenômeno caracterizado pela mobilização instantânea de usuários em um competitivo mercado de atenção, influenciando a opinião pública. Assim, a pesquisa investiga como o jornalismo da Folha de São Paulo cria um enquadramento para este fenômeno novo comumente nomeado de “cultura do cancelamento”, a fim de refletir sobre o alcance desse enquadramento no debate público e digital, colocando em ênfase o papel das mídias na sociedade. Trata-se de uma análise qualitativa documental do enquadramento jornalístico da “cultura do cancelamento” pela Folha de São Paulo, que envolve quatorze (14) publicações que apontam para um fenômeno generalizado, utilizado de diversas formas, que salientam atores sociais e políticos externos específicos e reproduzem noções polarizadas, vigentes no debate público.
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