Atividade antimicrobiana de porfirina catiônica 4-H2TMeP frente a bactérias multirresistentes cultivadas em biofilmes e sobre fragmentos de pele de cães
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Data
2024-02-08Primeiro coorientador
Vogel, Fernanda Silveira Flores
Primeiro membro da banca
Traesel, Carolina Kist
Segundo membro da banca
Balzan, Claudia
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Infecções tegumentares de cães causadas por microrganismos resistentes aos antimicrobianos
constituem uma ameaça à saúde única. Isso se deve ao potencial de transmissão de bactérias
patogênicas dos animais para seus tutores, tornando-se particularmente alarmante quando esses
microrganismos evidenciam resistência a mais de três classes de antimicrobianos, o que os caracteriza
como multirresistentes (MDR). Essas infecções podem ser ocasionadas por um ou vários
microrganismos (infecções simples e mistas) que, frequentemente, se organizam em biofilmes. A
formação dos biofilmes não apenas contribui para a persistência das infecções, mas também apresenta
um desafio adicional ao tratamento, pois as bactérias dispostas nessas comunidades são mais
resistentes aos antimicrobianos convencionais. Assim, considerando a multirresistência e a capacidade
das bactérias em colonizar a superfície da pele no formato de biofilmes, se faz necessária a busca
urgente por métodos alternativos de inativação microbiana que possam ser utilizadas em infecções
tegumentares de animais. A terapia fotodinâmica antimicrobiana (aPDT) utilizando porfirinas como
fotossensibilizador tem se mostrado promissora na inativação de vírus, leveduras e bactérias. Inúmeros
estudos in vitro demonstram que a porfirina tetra-catiônica 4-H2TMeP é capaz de inativar bactérias e
que possui a vantagem de ser facilmente encontrada comercialmente, ser solúvel em água, e ter ação
multialvo através da produção de oxigênio singleto. Assim, esta dissertação teve como objetivo avaliar
a atividade antibacteriana da porfirina 4-H2TMeP frente a mono e policultivos de bactérias MDR
cultivadas em biofilmes e sobre fragmentos de pele de cães. A porfirina 4-H2TMeP foi utilizada frente
a três isolados clínicos MDR das espécies Escherichia coli, Pseudomonas aeruginosa e
Staphylococcus pseudintermedius. Em todos os experimentos foi utilizada a concentração de 40 µM de
4-H2TMeP que não é citotóxica para células de animais. Os biofilmes em monocultivo e mistos (S.
pseudintermedius + E. coli), foram tratados com 4-H2TMeP e submetidos à irradiação com luz branca
de LED por 30, 60 e 90 minutos. Em fragmentos de pele de cães, monocultivos foram tratados com
4-H2TMeP e irradiadas por 30 (S. pseudintermedius), 60 (E. coli) ou 60 e 90 minutos (P. aeruginosa; e
policultivos contendo S. pseudintermedius e E. coli). A eficácia da aPDT foi avaliada pela contagem
de unidades formadoras de colônias (UFC) a partir de alíquotas dos biofilmes e de suabes coletados
dos fragmentos de pele contendo os cultivos bacterianos que foram semeados em meios de cultura
após o tratamento. As placas semeadas foram incubadas por 24 horas a 37 °C em aerobiose, e as UFC
contabilizadas foram comparadas estatisticamente entre os grupos tratados e controle. Os resultados
demonstraram que 4-H2TMeP reduziu as concentrações de S. pseudintermedius e E. coli em biofilmes
individuais e mistos, e também reduziu significativamente as concentrações bacterianas (p < 0,05) em
mono e policulturas cultivadas em amostras de pele, com ênfase na inativação de S. pseudintermedius.
Não foi observada redução significativa de P. aeruginosa em biofilmes consolidados e em
monocultivos em pele de cão, mesmo quando o tempo de irradiação foi estendido. Os resultados
obtidos neste estudo são promissores e encorajam a realização de futuros experimentos in vivo
utilizando a porfirina 4-H2TMeP na aPDT para inativar bactérias MDR em lesões de pele de animais,
que poderá ser validada para uso clínico em casos não responsivos à terapia convencional.
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