Movimentos enunciativos na escrita de sujeitos com afasia
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Data
2024-03-22Primeiro membro da banca
Simoni, Simone Nicolini de
Segundo membro da banca
Endruweit, Magali Lopes
Metadata
Mostrar registro completoResumo
O campo de estudos que engloba as afasias é extenso e percorre diversas áreas do
conhecimento, como Fonoaudiologia, Psicologia, Neurologia, entre outras, e, com o
linguista Roman Jakobson, a afasia passou a ser estudada também como um
problema linguístico. O autor estabelece uma tipologia para as afasias: distúrbio de
contiguidade e de similaridade. Com o linguista Émile Benveniste, tem-se a
oportunidade de estudar o homem na língua por intermédio de estudos que abordam
a enunciação, a qual comporta as categorias de pessoa, tempo e lugar. De acordo
com o estudioso, o locutor apropria-se da língua e coloca imediatamente um outro
como seu alocutário, utilizando-se de índices específicos e acessórios para
expressar sua relação particular com a realidade. Essa possibilidade de estudo da
língua em uso estende-se a sujeitos que apresentam afasia, permitindo, então,
análises da língua em distúrbio. Quanto à escrita de sujeitos com afasia, observa-se
escassez com relação a trabalhos com viés enunciativo; o que se mostra fértil
contribuição para os estudos no campo linguístico. Assim, esta pesquisa tem como
objetivo averiguar movimentos enunciativos produzidos por três sujeitos com afasia
durante a elaboração de enunciações escritas, considerando a teoria enunciativa de
Benveniste e a proposição das afasias trazida por Jakobson. Trata-se de uma
pesquisa de cunho qualitativo; para a coleta do corpus, foram realizadas oficinas de
escrita individuais e grupais com três participantes do Grupo Interdisciplinar de
Convivência (GIC) da Universidade Federal de Santa Maria. Como resultados,
observamos que os três participantes produziram enunciações escritas nas quais foi
possível averiguar os movimentos enunciativos, porém com predominâncias e
frequências diferentes. A partir das análises, foi possível verificar que aspectos das
respectivas afasias de cada sujeito se refletem em suas escritas, e foram
identificados movimentos na escrita atrelados a dificuldades provenientes do
distúrbio de similaridade, mas não do de contiguidade. Verificou-se também a
ocorrência de um novo movimento, aqui chamado de testagem. Por fim, concluímos
que sujeitos com afasia podem produzir movimentos na escrita influenciados por
aspectos provenientes do distúrbio de similaridade, o que não foi observado no caso
da contiguidade. Esperamos que essas considerações possam auxiliar na maior
compreensão dos empregos e aspectos da linguagem em distúrbio no ato
enunciativo da escrita, contribuindo, assim, com estudos linguísticos no que diz
respeito ao campo das afasias.
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