Probabilidade de ocorrência de deficiência hídrica na cultura do girassol na região central do Rio Grande do Sul
Resumo
No Brasil nos últimos anos elevou-se o interesse pelo cultivo do girassol. Quando submetida à
deficiência hídrica a cultura do girassol apresenta redução na produtividade. Para contornar esse
problema, é necessário calcular a provável deficiência hídrica nos subperíodos críticos e no ciclo de
desenvolvimento do girassol para cada uma das diferentes datas de semeadura. O objetivo desse
trabalho foi determinar os valores prováveis de duração dos subperíodos e do ciclo de
desenvolvimento e obter as datas de semeadura com menor risco de deficiência hídrica e a
probabilidade de ocorrência de diferentes níveis de déficit hídrico durante os subperíodos de
desenvolvimento do girassol semeado em datas de semeadura distintas, considerando a capacidade de
armazenamento de água nos diferentes solos da região central do RS. Também determinar a
probabilidade de ocorrência de deficiência hídrica para os diferentes anos classificados conforme o
fenômeno El Niño Oscilação Sul (ENOS). O desenvolvimento da cultura foi simulado por meio do
método da soma térmica, para 14 datas de semeadura, do início do mês de agosto até meados de
fevereiro, para cada ano do banco de dados da Estação Meteorológica Principal de Santa Maria, RS,
utilizando o período de 1968 a 2011. Para calcular a deficiência hídrica, os 13 solos da região foram
agrupados em seis grupos que apresentam características semelhantes de capacidade de
armazenamento de água disponível (CAD) e capacidade de infiltração. As deficiências hídricas foram
determinadas a partir do balanço hídrico diário. A análise dos dados consistiu na análise da variância,
teste de comparação de médias e análise de distribuição de probabilidade para as variáveis: duração
dos subperíodos e do ciclo de desenvolvimento do girassol, deficiência hídrica nos subperíodos e no
ciclo do girassol. A duração dos subperíodos e do ciclo de desenvolvimento do girassol é variável
conforme a data de semeadura. A duração dos subperíodos que ocorrem da semeadura até o botão
floral visível do girassol são maiores na primeira data de semeadura (01/08). Após a antese a maior
duração dos subperíodos ocorre na semeadura mais tardia (16/02). As distribuições lognormal, normal
e gama representam melhor o desenvolvimento do girassol para estimar a duração dos subperíodos e
do ciclo. Na data de semeadura de 16/12, ao nível de 90% de probabilidade de ocorrência, o girassol
tem a menor duração do ciclo, completando o ciclo em no máximo de 96 dias. A maior duração do
ciclo do girassol ocorre na data de semeadura de 01/08, na qual alcança 132 dias, em nível de 90% de
probabilidade de ocorrência. As datas de semeadura de início de outubro até o início de novembro são
as que apresentam a maior deficiência hídrica, considerando todo o ciclo de desenvolvimento do
girassol independente do solo; a escolha de outra data de semeadura reduz o risco e o nível de
deficiência hídrica durante o ciclo do girassol. Nos solos em que a capacidade de armazenamento de
água disponível é menor, a deficiência hídrica é maior tanto nos subperíodos quanto no ciclo do
girassol em relação aos demais solos e é pouco variável ao longo das datas de semeadura. Semeaduras
de girassol na primeira quinzena de agosto e a partir do mês de dezembro são as que apresentam os
menores riscos de ocorrer deficiência hídrica no transcorrer do subperíodo mais crítico do girassol,
desde que se tenham condições favoráveis para a semeadura e o estabelecimento inicial das plantas.