Respostas agronômicas e morfofisiológicas do girassol ao déficit e excesso hídrico em dois solos
Abstract
A disponibilidade hídrica do solo é um dos principais fatores responsáveis pelo sucesso ou insucesso de um cultivo agrícola. A ocorrência de estresses causados por déficit ou por excesso hídrico é prejudicial ao crescimento e à produtividade do girassol. O padrão de crescimento das plantas é alterado e a produtividade é reduzida com o aumento da intensidade correspondente ao estresse. Os principais objetivos deste trabalho foram avaliar a produtividade de grãos e de óleo e a qualidade do óleo do girassol, o crescimento, aprofundamento e distribuição de raízes no solo, o crescimento da parte aérea e raiz em matéria seca e a modelagem do crescimento de plantas de girassol, em resposta ao estresse causado por excesso e déficit hídrico, em duas épocas de semeadura e dois solos do Rio Grande do Sul. Os experimentos foram realizados na Safra (semeadura em início de setembro) e na Safrinha (semeadura em início de janeiro), em dois solos nos municípios de Santa Maria (Argissolo) e Panambi (Latossolo). Foram aplicados três tratamentos de disponibilidade hídrica: déficit hídrico (mantendo-se a umidade do solo entre 40 e 60% da capacidade de armazenamento de água disponível (CAD)), excesso hídrico (mantido entre 90% da CAD e o ponto de saturação determinado) e controle (mantido entre 75 e 100% da CAD). Para determinar a condição hídrica do solo ao longo do ciclo, realizou-se o balanço hídrico sequencial diário. A entrada de água por chuva no tratamento de déficit hídrico foi controlada. As variáveis analisadas foram a produtividade, os componentes da produtividade, o teor e o rendimento de óleo, o perfil de ácidos graxos, a profundidade radicular, a distribuição radicular, a matéria seca das diferentes partes da planta, além das variáveis intrínsecas a análise de crescimento. Foi realizada a modelagem do aprofundamento radicular e do crescimento do girassol em matéria seca das diferentes partes da planta. Verificou-se que o nível de déficit hídrico aplicado foi mais prejudicial do que o nível de excesso hídrico aplicado, com redução significativa da produtividade, dos componentes da produtividade e do crescimento do girassol. A época de semeadura teve influencia sobre a produtividade, em que a Safra produziu mais do que a Safrinha. O solo teve grande influencia sobre o aprofundamento radicular que foi maior no Argissolo em comparação ao Latossolo, o que impactou na diferença de produtividade. O déficit hídrico foi responsável pelo aumento do Ácido Oleico e pela redução do Ácido Linoleico. A semeadura na Safra possibilita um maior aprofundamento e maior produção de massa seca de raízes do que a semeadura da Safrinha. Os modelos de crescimento do girassol em matéria seca e em profundidade radicular apresentaram bom ajuste aos dados medidos. Dessa forma, conclui-se que a disponibilidade hídrica do solo e a época de semeadura influenciam na produtividade e na qualidade do girassol e se devem tomar medidas para mitigar os problemas causados.