Parâmetros da água alteram a excreção de resíduos nitrogenados e de fósforo e o comportamento de juvenis de jundiá (Rhamdia quelen)
Resumo
No primeiro estudo analisou-se a excreção de amônia, ureia, creatinina, proteína, nitrito, nitrato e fósforo (P) em diferentes níveis de dureza da água, ácido húmico ou pH em juvenis de jundiás (Rhamdia quelen). Os peixes foram submetidos a diferentes níveis de dureza da água (4, 24, 50 ou 100 mg CaCO3 L-1), ácido húmico (0, 2,5 ou 5,0 mg L-1) ou pH (5,0, 6,0, 7,0, 8,0 ou 9,0) durante 10 dias. A excreção nitrogenada global medida foi de 88,1% (244 423 μmol kg-1 h-1) para amônia, 10,9% (30 52 μmol kg-1 h-1) para creatinina, 0,02% (0,05 0,08 μmol kg-1 h-1) para proteína, 0,001% (0,002 0,004 μmol kg-1 h-1) para ureia, 0,5% (0,64 3,6 μmol kg-1 h-1) para nitrito e 0,5% (0,0 6,9 μmol kg-1 h-1) para nitrato, e estas proporções não foram afetadas pelos níveis de dureza da água ou ácido húmico. A excreção global de P em R. quelen foi 0,14 2,97 μmol kg-1 h-1. A excreção de amônia em R. quelen, em geral, foi significativamente maior nas primeiras 12 horas após a alimentação e nenhum efeito claro dos níveis de dureza da água, ácido húmico e do pH pode ser observado sobre este padrão diário de excreção de amônia. A dureza da água afetou apenas a excreção de amônia e de P de juvenis de R. quelen no primeiro e quinto dias após a transferência, respectivamente. A exposição desta espécie ao ácido húmico diminuiu a excreção de amônia após 10 dias de exposição, mas não afetou a excreção de P. Um aumento no pH diminuiu a excreção de
amônia e aumentou a excreção de creatinina, mas não alterou a excreção de P em R. quelen. Portanto, quando houver qualquer alteração nos níveis de ácido húmico ou pH na cultura desta espécie os compostos nitrogenados devem ser monitorados, pois suas taxas de excreção são variáveis. Por outro lado, as taxas de excreção de P determinados no presente estudo são aplicáveis a uma ampla gama de condições na cultura de peixes. O objetivo do segundo estudo foi determinar o pH preferido em jundiá Rhamdia quelen aclimatados a diferentes durezas da água e o efeito de abrigos e infecção por Ichthyophthirius multifiliis. Os peixes foram aclimatados durante duas semanas em diferentes níveis de dureza da água (4, 24, 50 ou 100 mg de CaCO3 L-1) e então transferidos para um tubo de polietileno com um gradiente de pH de 3,5 a 11,7. A posição do peixe no gradiente de pH foi observada 1, 2, 4, 6, 8, 10 e 12 h após a transferência. A aclimatação a diferentes durezas da água não afetou o pH preferido de jundiás não infectados (pH 7,30-7,83) e a presença de um abrigo no pH preferido ou fora deste pH também não alterou a faixa de pH preferida. Portanto, jundiás favorecem a regulação ácido-base em detrimento a uma tendência de procurar abrigo. Em juvenis infectados com I. multifiliis aclimatados à dureza da água de 24 mg de CaCO3 L-1 o pH preferido é alcalino (9,08-9,79). Esta escolha não é explicada pelos maiores níveis de Na+ em pH alcalino que em pH neutro porque peixes infectados e não infectados escolheram os mesmos níveis de Na+ na água em um gradiente de Na+ com o mesmo pH.
Palavras-chave: piscicultura, gradiente de pH, ácido húmico, dureza da água