O vídeo é uma fantástica máquina do tempo: a preservação e a rememoração do arquivo de entretenimento da Rede Globo
Resumo
Este trabalho apresenta uma cronografia da manutenção e utilização do acervo audiovisual de
entretenimento da Rede Globo, com maior atenção às décadas de 1970 e 1980, de modo a
compreender os percalços na preservação de videotapes e como tal cenário impactou no
usufruto deste material por parte da própria instituição. A alusão teórica relaciona o alcance
da televisão, na análise de Willians (1974) com os conceitos de “radiodifusão” e “privatização
móvel”, ao construto da “memória”, com base no ciclo proposto por Halbwachs (1990),
deslocando do conteúdo televisivo uma perspectiva efêmera; ainda, delimita-se através de
Lodolini (1993) os eixos de entendimento do arquivo na tratativa do vídeo, o que estrutura a
análise em “instituição”, “conjunto de documentos” e “sistema de informação”. Para clarificar
tais distinções em relação ao recorte de pesquisa, junto da análise documental que forneceu
pistas para uma contextualização histórica dos percalços enfrentados na conservação dos
suportes audiovisuais analógicos, foram realizadas entrevistas em profundidade com
profissionais ligados aos departamentos de arquivo da emissora e à sua utilização, assim
percorrendo, inicialmente, a história, as dificuldades e as iniciativas do originalmente
intitulado Arquivo de VT na salvaguarda do documento audiovisual de entretenimento da
Rede Globo; posteriormente, apresenta-se uma cartografia pormenorizada do uso do material
de arquivo da produtora sob diversas modalidades de execução, com ênfase no programa
“Vídeo Show”, ao qual atribui-se, inclusive, o salvamento de diversos registros suprimidos do
repositório oficial. Averiguou-se, portanto, a razão da detectada exiguidade a qual acomete
diversas obras deste patrimônio cultural, e o seu abalo na reprise do cabedal em apreço.