Fixação de nitrogênio por bactérias diazotróficas em cultivares de arroz irrigado
Resumo
O arroz é uma cultura importante no sul do Brasil, com produtividade de 6 t.ha-1, demandando grandes quantidades de nitrogênio. A fixação biológica de nitrogênio (FBN) já está estabelecida entre leguminosas, e entre as gramíneas, microrganismos dos gêneros Azospirillum, Herbaspirillum, Gluconacetobacter e Burkholderia apresentam potencial para FBN e produção de substâncias promotoras de crescimento. O objetivo deste trabalho foi avaliar a influência da inoculação de bactérias diazotróficas sobre o desempenho do arroz em campo. Foram quantificadas e isoladas bactérias diazotróficas de nove cultivares de arroz irrigado do Estado do Rio Grande do Sul. Utilizando os meios NFb (Azospirillum brasilense/lipoferum), JNFb (Herbaspirillum), JMV (Burkholderia), LGI (Azospirillum amazonense) e LGI-P (Gluconacetobacter), foram obtidos 58 isolados. Destes, 10 isolados obtidos em meio NFb (I-02, I-08, I-14, I-20, I-26, I-31, I-36, I-42, I-48 e I-54) e A. brasilense e A. lipoferum foram avaliados in vitro quanto à sua capacidade de FBN e produção de ácido indolacético. Quanto a FBN, A. brasilense e A. lipoferum apresentaram maiores valores (41,08 e 46,82 μg N mL-1, respectivamente) em relação a todos os isolados avaliados. Para produção de ácido indolacético, o isolado I-31 foi o maior produtor (13,47 μg mL-1). No experimento em câmara de crescimento utilizaram-se A. brasilense e A. lipoferum,os isolados I-14, I-31 e I-54 e as cultivares de arroz IRGA-417, IRGA-419 e BR-IRGA-420. Em solução nutritiva A. lipoferum e o isolado I-54 associados ao arroz BR-IRGA-420 foram os maiores produtores de massa seca (13,11 e 13,22 mg planta -1, respectivamente) e em solo os maiores valores foram para A. brasilense (20,40 mg planta-1) e o isolado I-31(16,00 mg planta-1). No campo foram avaliadas as populações de bactérias diazotróficas e os indicadores de crescimento do arroz, como altura, massa fresca e seca, comprimento e peso radiculares, N-total da parte aérea e rendimento em grãos. As coletas realizaram-se aos 40, 90 e 120 dias após a semeadura (DAS). Foram utilizadas doses de N de 0, 60 e 120 kg ha-1 e inoculantes contendo Azospirillum brasilense ou isolado I-31. Aos 135 DAS procedeu-se à colheita. A população de bactérias diazotróficas endofíticas nos diferentes estágios do arroz foi obtida em de meios de cultivos específicos, revelando grande número nas raízes. Verificou-se um incremento no rendimento em grãos do arroz de 26,91% quando inoculado com A. brasilense e 17,78% quando inoculado com I-31, ambos sem utilização de adubo nitrogenado. Na dose de N recomendada para o arroz, de 120 kg ha-1, o rendimento do arroz inoculado com A. brasilense aumentou 12,84% e o isolado I-31 aumentou 31,85% sobre o tratamento sem inoculação e sem adubação nitrogenada. Os dados obtidos permitem concluir que existem possibilidades de se utilizar bactérias diazotróficas endofíticas isoladas de cultivares da região e avaliadas in vitro como microrganismos para inoculantes, permitindo a redução dos custos de adubação nitrogenada e a manutenção da produção de arroz.