Configuração da rede de drenagem e modelado do relevo: conformação da paisagem na zona de transição da bacia do Paraná na depressão central do Rio Grande do Sul
Resumo
Esse trabalho apresenta o modelado do relevo como sendo causa e conseqüência da erosão. É no espaço, do qual o homem sempre dependeu para viver, que ocorre a interação dos componentes bióticos, abióticos e sócio-econômicos. A relação homem x meio ambiente foi, e continua sendo, acompanhada de progressos que servem para o entendimento da natureza e contribuem para amenizar o impacto negativo sobre ela. Os fatos que permitem a percepção da paisagem física possibilitam concluir que as alterações produzidas pelas interferências no meio ambiente podem orientar uma previsão das ações sobre o conjunto. Nesse sentido, as intervenções humanas deverão ser planejadas levando em consideração a potencialidade e a fragilidade de cada ambiente natural. Sendo assim, o trabalho enfatiza que as formas, ou conjuntos de formas de relevo participam da composição da paisagem. Considera o modelado do relevo como resultado de características geológicas, climáticas, hidrológicas e pedológicas, refletidas na densidade da drenagem e no grau de entalhamento dos talvegues. Leva em conta a proposta de estudar o relevo no sentido de que a relação entre a drenagem e erosão permite qualificar a configuração da drenagem como resultado da erosão. Sugere também que, levando-se em consideração a morfogênese das vertentes, há relação de causa e efeito, na qual influem circunstâncias como as características das propriedades físicas-mecânicas no grau de fragilidade do ambiente natural. Busca identificar a causa com a erosão e deposição, consideradas como agente no modelado, e o efeito, com a drenagem e morfogênese da vertente. Contempla a necessidade de estudos vinculados com os solos e suas propriedades, face à relevante função que assumem na Geomorfologia. O trabalho teve como área de estudo o sudoeste do município de São Pedro do Sul-RS, e apresenta como suporte litológico, a Bacia Sedimentar do Paraná. Está estruturado em 6 ítens, nos quais se estabelece que o modelado de acumulação refere-se à deposição colúvio-aluvionar, originada por processos de coluviação e deposição fluvial. As áreas de dissecação caracterizam feições do domínio geomorfológico da Depressão Periférica do Rio Grande do Sul. Também destaca-se que na área com predomínio da unidade litoestratigráfica Sanga do Cabral, ocorre um baixo relevo, resultado do elevado grau de fragilidade natural. Nela predominam vertentes com perfil côncavo. Outra constatação é a dominância de formas côncavas-convexas nas áreas relativas as unidades litoestratigráficas Santa Maria e Caturrita. A energia do relevo confere elevado grau de fragilidade à essas áreas na busca do equilíbrio, comandado pela dinâmica fluvial.