Dinâmica da matéria orgânica em agroecossistemas submetidos a queima e manejos dos resíduos culturais
Resumo
Ao longo dos anos a utilização das queimadas tem sido objeto de intensos debates, devido aos seus inúmeros efeitos na qualidade do solo e ambiente. No solo, o efeito mais expressivo ocorre sobre a matéria orgânica (MO), pela sua queima, ou indiretamente atuando sobre os organismos
responsáveis pela sua decomposição resultando em uma forma
biologicamente inerte de carbono (carvão), permanecendo no solo livre da ação da atividade microbiana. Portanto, este carbono não é utilizado como fonte de energia para a biota, e conseqüentemente não contribui para a melhoria da qualidade do solo. Outro efeito ambientalmente negativo da queima dos resíduos culturais deve-se às emissões de C na forma de CO2 e outros gases que causam efeito estufa. Neste contexto, o presente estudo objetivou avaliar o efeito da queima na qualidade da matéria orgânica do solo em diferentes agroecossistemas. Para atingir os objetivos do presente
estudo foram selecionadas duas áreas de campos naturais localizadas no Rio Grande do Sul, sendo uma em André da Rocha sob um Latossolo Vermelho distroférrico com um histórico de cem anos com queimadas bienais e outra em Santa Maria sob um Argissolo Vermelho Distrófico arênico. Foi,
ainda, utilizada uma terceira área localizada em Campos Novos (SC), sob um Nitossolo Vermelho distrófico onde foi utilizada a queima como prática de manejo para eliminação dos resíduos de culturas anuais. As áreas foram avaliadas quanto a respiração do solo, estoques de carbono e nitrogênio total, fracionamento da matéria orgânica (> e <53mm) e estabilidade de agregados em água. Nos três estudos a queimada afetou os estoques de carbono e nitrogênio do solo, inclusive com redução significativa na matéria orgânica associada à fração <53mm, normalmente não afetada por práticas antrópicas