Modelagem do terreno e mapeamento digital de solos por extrapolação das relações solo-paisagem
Resumo
As pesquisas em mapeamento digital de solos (MDS) realizadas no Brasil são dependentes da existência de dados legados de solos obtidos por métodos convencionais para extrapolação das relações solo-paisagem. Em áreas onde não há disponibilidade de mapas de solos, torna-se necessário desenvolver metodologias para aquisição desses dados em escala compatível com a necessidade dos usuários. Nesse contexto, o objetivo geral desta pesquisa foi desenvolver uma metodologia, por intermédio de técnicas de MDS para predizer classes de solos em nível semidetalhado, numa região de relevo suave ondulado, tendo como limite uma carta topográfica na escala 1:50.000. Foram utilizadas técnicas de modelagem do relevo para a elaboração e a avaliação da qualidade dos modelos digitais de elevação utilizados na área de abrangência da carta topográfica e na área de referência (AR). A técnica de AR foi empregada para estabelecer as relações solo-paisagem no MDS. Foi construída uma base cartográfica, na escala 1:5.000, que serviu de apoio para executar o mapeamento de solos com técnicas convencionais para a AR. A técnica de árvore de decisão (AD) foi utilizada para construção do modelo preditivo com base no mapa de solos e em oito atributos de terreno da AR. Duas estratégias de MDS foram testadas com o objetivo de obter os dados para gerar as regras de classificação (MDS 1 e MDS 2), sendo que cada estratégia empregou os oito atributos de terreno como variáveis preditoras: elevação (ele), distância da hidrografia (dis), declividade (dec), orientação de vertente (asp), índice de umidade topográfica (twi), curvatura em perfil (per), curvatura planar (pla) e classes de geoformas (lan). A seleção prévia de modelos digitais de elevação para extrair os atributos de terreno agregou qualidade no uso das variáveis preditoras que participaram da construção do modelo. O uso da AR em locais com limitação de dados mostrou-se uma estratégia eficiente para aprimorar o conhecimento referente às relações solo-paisagem com vistas à predição de ocorrência de classes de solos geradas pelo método de MDS. A comparação entre a verdade de campo e o mapa digital de solos resultou numa exatidão global (EG) de 66,15% e Kappa de 0,35 para o MDS 1 e uma EG de 65,58% e Kappa de 0,27 para o MDS 2. A abordagem de levantamento de solos pelo método convencional na AR demonstrou ser apropriada, visto que contribuiu para o conhecimento dos tipos de solos predominantes, assim como reduziu a quantidade de observações de campo na área de abrangência da carta topográfica.