Determinação de HPAs presentes na nutrição parenteral e avaliação da exposição de neonatos através da presença do 1-hidroxipireno na urina
Resumo
O negro de fumo, que possui hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs)
adsorvidos em sua superfície, é utilizado na composição de borrachas de uso
farmacêutico usadas em medicamentos injetáveis e formulações parenterais como
soluções de aminoácidos e emulsões lipídicas. Neste estudo avaliou-se a
contaminação por HPAs em preparações parenterais administradas a recémnascidos
(RN). Soluções comerciais usadas na composição das bolsas de nutrição
parenteral (NP) bem como o conteúdo das próprias bolsas administradas a um
grupo de dez RN durante o período de internação na UTI neonatal foram analisados.
Foi também analisado o metabólito 1-hidroxipireno na urina desses RN, bem como
de um grupo de RN que não estava recebendo NP (grupo controle). Os métodos
para determinação dos HPAs e do 1-hidroxipireno por cromatografia líquida de alta
eficiência usando detecção por arranjo de fotodiodos e fluorescência,
respectivamente, foram desenvolvidos e validados para as amostras do estudo. Os
HPAs foram extraídos das amostras utilizando uma coluna de polietileno. Nas
amostras de urina, a extração do metabólito foi realizada em um cartucho C-18 após
hidrólise enzimática do mesmo. Os resultados mostraram contaminação por HPAs
em 56 das 59 amostras analisadas. O total de HPAs variou de 0,013 mg/L a 10,562
mg/L. O pireno esteve presente em 50 das 59 amostras. A análise das urinas
revelou a presença do metabólito 1-hidróxipireno para os bebes que receberam NP,
com concentração média entre 0,039 μg/L e 0,544 μg/L (0,03 e 0,877 μmol/mol de
creatinina). Na urina dos bebes controle o metabólito não foi detectado.
Considerando a toxicidade dos HPAs e o grande volume usualmente administrado
na NP, os resultados encontrados nesse estudo são preocupantes. A presença de
HPAs na NP administrada a recém-nascidos é ainda mais relevante, dado que são
os mais vulneráveis a efeitos adversos.