Modelos estocásticos da dinâmica da paisagem florestal e simulação de cenários para o estado do Rio Grande do Sul no período de 1988 a 2020
Resumo
Os padrões de uso da terra e a possível má utilização dos recursos naturais do nosso planeta motivam atualmente muitas pesquisas no campo da simulação de cenários em diversas regiões do mundo. Dentro desse contexto a presente pesquisa pretende simular o cenário florestal do Rio Grande do Sul a fim de localizar e quantificar em um mapa a evolução das florestas deste Estado para o ano de 2020. Desde 2003 o Rio Grande do Sul vem incentivando a prática do reflorestamento através do Programa Estadual de Florestamento, como uma nova alternativa econômica, porém a implantação desse programa trouxe também diversas discussões sobre um possível desequilíbrio ambiental e econômico causado pelo excesso de áreas reflorestadas. Por outro lado, dados levantados pelos Inventários Florestais já apontavam um aumento de florestas nativas e exóticas antes da implantação do programa e, com base nisso, a projeção futura buscada por esta pesquisa baseia-se na criação de um modelo estocástico de simulação do cenário florestal do Rio Grande do Sul sem levar em conta o acréscimo das áreas florestais incentivadas pelo programa de reflorestamento. Para tanto foram classificados os padrões de uso da terra em imagens dos satélites LANDSAT 5 e LANDSAT 7 referentes aos anos de 1988 e 1998 e do satélite TERRA do ano de 2007. A partir do cruzamento dos padrões ligados ao uso florestal (floresta nativa, capoeirão e reflorestamento de espécies exóticas) em relação às demais classes de uso da terra (lavoura, campo, água, dunas, afloramento rochoso e banhado) identificadas nas imagens foi gerado um novo mapa contendo a informação da evolução florestal do Estado do Rio Grande do Sul nos últimos 20 anos. Esse mapa responsável pela representação das mudanças de uso florestal foi cruzado com diversos mapas temáticos de informações ambientais, econômicas e sociais. O mapa de mudanças e o cruzamento deste com os mapas temáticos definiram respectivamente a matriz de transição Markov e os pesos de evidências, ambos requisitos na calibração do modelo estocástico. Como resultado a simulação da paisagem florestal do Rio Grande do Sul para o ano de 2020 apresentou um aumento de áreas em quase todas as regiões do Estado dos usos de capoeirão, floresta nativa e reflorestamento de espécies exóticas, sendo que os dois últimos acresceram em 5.113 km2 e em 4.036 km2 respectivamente. Desses aumentos o mais significativo é o das espécies exóticas, já que o acréscimo representa 72% em relação a 2007, mesmo sem que as áreas impulsionadas pelo Programa Estadual de Florestamento tenham sido contabilizadas e simuladas.