Efeitos da silvicultura do eucalipto na dinâmica da vegetação em área de pecuária no Rio Grande do Sul, Brasil
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Date
2010-08-27Primeiro membro da banca
Santos, Nara Rejane Zamberlan dos
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O objetivo geral do presente estudo foi verificar a influência da atividade de silvicultura (plantios de eucalipto) na vegetação do Bioma Campos Sulinos. Para tal, foram instaladas parcelas permanentes e temporárias nas diferentes tipologias de vegetação campestres (campo seco e campo úmido), campo com pecuária, florestas ciliares, e no interior dos plantios de eucalipto, para serem avaliadas ao longo do tempo. As parcelas foram avaliadas no período de dois anos. As áreas do presente estudo foram a Fazenda Tapera e Fazenda Passarinho, localizadas no município de Pinheiro
Machado, RS. Na primeira fazenda, ocorreu a introdução de povoamentos de eucalipto, visando à produção de madeira para celulose. Esses povoamentos foram introduzidos na forma de mosaico, mantendo-se os limites das Áreas de Preservação Permanente (APP). Com a introdução do eucalipto
na área, a atividade pecuária foi abandonada, resultando em modificações na vegetação campestre, na floresta ciliar e nos capões da fazenda. Na segunda fazenda, a principal atividade é a pecuária intensiva. Neste local, há predominância de vegetação herbácea, de gramíneas e outras plantas com
objetivo principal de pastejo. Os resultados em relação à mata ciliar foram que a mesma apresenta alta homogeneidade com baixa diversidade de espécies. No estrato superior, as famílias mais representativas foram Anacardiaceae (com 3 espécies), Myrtaceae (2 espécies) e Lauraceae (2 espécies). As espécies com maior número de indivíduos foram Lithraea brasiliensis, Scutia buxifolia, Allophyllus edulis, Blepharocalyx salicifolius, Schinus polygamus, Myrrhinium atropurpureum e Ocotea acutifolia. A distribuição dos indivíduos nas classes de diâmetro seguiu o padrão de florestas nativas ( J invertido), concentrando-se nas menores classes. Em relação ao campo com pastagem, as famílias botânicas mais representativas foram Poaceae, Apiaceae e Rubiaceae. No campo (seco e
úmido) com ausência de pastejo foram Poaceae, Asteraceae e Apiaceae. As espécies predominantes nas fisionomias do campo com pastejo foram Paspalum notatum, Axonopus affinis e Piptochaetium montevidense e, no campo sem pastejo, foram Baccharis trimera, Paspalum pauciciliatum, Cortaderia
sp., Eryngium horridum, Axonopus compressus e Calamagrostis viridiflavescens. No estudo de campo com e sem eucalipto, as famílias mais representativas foram Poaceae, Apiaceae e Asteraceae nas duas ocasiões, diferindo apenas suas percentagens de biomassa, que, no eucalipto, foi menor. As
espécies mais características nas fisionomias do campo com eucalipto, no ano 1, foram Eryngium horridum, Conyza sp. e Baccharis trimera, e, no ano 2, foram Baccharis trimera, Eryngium horridum e Aspilia montevidensis; e, no campo sem eucalipto, no ano 1, foram Baccharis trimera, Paspalum
pauciciliatum, Cortaderia sp. e Eryngium horridum. A diversidade de espécies é maior no campo com atividade de pecuária do que nos campos sem essa atividade, porém a biomassa aumenta na vegetação sem gado. A retirada do gado dos campos, pelas atividades de silvicultura, poderá causar alterações na quantidade de biomassa e modificações na composição botânica, diminuindo a diversidade de espécies e aumentando a dominância de gramíneas altas e de arbustos e outras espécies. A diversidade de espécies e a biomassa são maiores no campo sem plantio de eucalipto do que nos campos com essa atividade. Na análise conjunta dos campos seco e úmido sem pecuária, com plantio de eucalipto sem pecuária e somente com pecuária, as médias de diversidade e
biomassa das fisionomias campo seco, campo úmido e campo com eucalipto não diferiram estatisticamente. As médias das fisionomias campo com pecuária, campo seco e campo úmido não apresentaram diferença significativa. O campo com pecuária apresentou a maior média em relação a essa variável e o campo com eucalipto apresentou a menor média em relação a mesma variável. Embora os resultados sugiram que a riqueza de espécies mostra-se menor no campo com eucalipto,
a retirada do gado dos campos poderá provocar alterações na quantidade de biomassa, com possível redução da diversidade de espécies.