Anatomia e flexibilidade do caule de quatro espécies lenhosas para o manejo biotécnico de cursos de água.
Resumo
O uso de vegetação é uma das principais ferramentas da Bioengenharia; no caso de taludes fluviais, as plantas devem possuir caules flexíveis, entre outras características. O presente trabalho teve por objetivo investigar a anatomia e a flexibilidade do caule de Phyllanthus sellowianus Müll. Arg. (Phyllanthaceae), Sebastiania schottiana (Müll. Arg.) Müll. Arg. (Euphorbiaceae), Salix humboldtiana Willd. (Salicaceae) e Salix x rubens Schrank (Salicaceae). A coleta de material foi realizada no município de Santa Maria, Rio Grande do Sul
Brasil. As amostras de madeira, para os estudos anatômicos, foram extraídas do caule de dois indivíduos, para cada espécie, e a descrição microscópica seguiu as recomendações do IAWA Committee. Para o estudo da flexibilidade utilizou-se cinqüenta amostras do caule, com diferentes diâmetros, para cada espécie. Os resultados indicaram que o módulo de elasticidade não constituí parâmetro adequado para julgar a flexibilidade de caules; para tanto, criou-se um novo parâmetro: o ângulo de flexibilidade . Phyllanthus sellowianus destacou-se como a espécie mais flexível e, portanto, a mais apta para a proteção de taludes fluviais, seguida por Sebastiania schottiana, Salix humboldtiana e Salix x rubens. A poda, ou mesmo o corte de indivíduos adultos dessas espécies, proporciona maior proteção aos taludes fluviais pela produção de caules jovens e mais flexíveis. A descrição anatômica da madeira de Sebastiania schottiana e Phyllanthus sellowianus, até então inédita, suporta o recente desmembramento dessa última espécie das Euphorbiaceae. A grande semelhança verificada no lenho destas quatro espécies configura uma síndrome anatômica de reofilia : abundante fibras gelatinosas, vasos pequenos, raios estreitos e parênquima axial escasso ou ausente; destas características, a presença de fibras gelatinosas é a mais importante para a flexibilidade do caule