Efeito do tucumã (Astrocaryum aculeatum, Meyer) na citoproteção causada pelo estresse oxidativo e na modulação de células de leucemia promielocítica aguda
Abstract
Os carotenoides são pigmentos naturais solúveis inversamente associados com o risco
de uma variedade de doenças. Na região da Amazônia há uma grande variedade frutos nativos
ricos em carotenoides, cujas propriedades funcionais precisam ser esclarecidas. Este é o caso
dos frutos de palmeira tucumã (Astrocaryum aculeatum Mart.), regionalmente consumido.
Portanto, nós investigamos os efeitos protetores do extrato etanólico isolados de casca e polpa
de frutas tucumã contra citotoxicidade e dano ao DNA induzido por H2O2 em linfócitos
humanos e a atividade antiproliferativa dos mesmos frente a linhagem celular de Leucemia
Promielocítica Aguda (LPA), NB4-LPA, com e sem exposição concomitante ao ácido alltrans-
retinóico (ATRA), fármaco utilizado para o tratamento da LPA, constituindo assim os
temas do primeiro e segundo artigo da tese. Em primeiro lugar, os compostos químicos
principais presentes nos extratos foram determinados através de métodos cromatográficos e
espectrofotométrico. O extrato da casca apresentou maior concentração de polifenois totais,
flavonoides, alcaloides, taninos, β-caroteno e quercetina do que extrato de polpa de tucumã.
As culturas de linfócitos humanos, com e sem H2O2 e as células NB4-LPA foram obtidas após
72h e a viabilidade das células, o ensaio do DNA Picogreen®, assim como a atividade das
caspase 1, 3 e 8 relacionadas com acontecimentos de apoptose foi avaliada por meio de testes
de imunoensaio. Nas culturas de linfócitos humanos, com e sem H2O2 tratados com os
extratos obtidos da casca e da polpa do tucumã mostraram que ambos apresentaram efeito cito
e genoprotetor principalmente em doses intermediárias (300 a 900 μg/mL) quando comparado
com concentrações inferiores e superiores. Os extratos foram capazes de diminuir a grande
parte da atividade das caspases 1, 3 e 8 que eram mais elevadas em células expostas a H2O2.
Estes resultados sugerem efeito positivo do tucumã em células expostas a compostos tóxicos.
Quando submetemos à cultura as células NB4-LPA frente ao tratamento com os extratos
etanólicos da polpa e casca do tucumã depois de 72h a proliferação celular nas concentrações
maiores que 600 μg/mL foram eficazes para inibir a proliferação celular. Quando as células
NB4 foram tratadas apenas com ATRA mostrou-se um forte efeito inibitório como esperado
(14,5 ± 2,7% do grupo controle). Apesar dos extratos do tucumã também apresentarem efeito
antiproliferativo sobre células NB4, este efeito foi mais moderado do que o ATRA. Os níveis
das caspases testadas mostraram-se altas na presença de extratos de tucumã e ATRA
indicando que o tucumã é capaz de desencadear apoptose em células NB4. Estes resultados
sugerem que frutas ricas em retinoides podem apresentar efeito citotóxico contra células de
LPA.