A constituição do discurso midiático ou a insistência do dizer: jogos polissêmicos e parafrásticos.
Resumo
O presente trabalho de pesquisa se inscreve no marco teórico da Análise de Discurso (AD) de linha francesa, considerando as reformulações e ampliações que têm sido
propostas no Brasil. A temática abordada é constitutiva do discurso contra a violência, vinculando o dizer à negligência e ao abuso sexual. Nosso olhar repousa nos saberes
próprios das formações discursivas que são constitutivas do discurso midiático. Nosso corpus, constituído pela campanha O amor é a melhor herança. Cuide das Crianças ,
produzida pela Rede Brasil Sul de Telecomunicações, a RBS, bem como discursos sobre (editoriais, reportagens e colunas de opinião). Detivemo-nos na análise dos discursos
divulgados no Jornal Zero Hora, um dos veículos do grupo. Analisamos as marcas lingüístico-discursivas, buscando tornar visíveis as formas de dizer do discurso da mídia e
as relações com suas condições de produção. Através de correntes parafrásticas que assentam e também rompem com saberes já instituídos inscreve-se, na rede de memória,
novos modos de identificação do monstro e do sujeito que pratica a violência. As estruturas homogeneizadas pelo dizer comportam relações com implícitos e com um imaginário já
instituído. A representação de monstro provoca um efeito de sentido que possibilita que um outro sujeito possa simbolizar, constituindo mais um jogo de sentido. No interdiscurso,
buscamos o contínuo discursivo desencadeado pelo discurso da mídia e neste o funcionamento ideológico que se possibilita no jogo de polissemia e de paráfrases que são constitutivas do discurso da mídia.