Rememoração/comemoração: prática discursiva de constituição de um imaginário urbano
Resumo
O tema desta investigação é rememoração/comemoração e imaginário urbano . Buscamos sustentação nos domínios teóricos da História e da Antropologia e deslocamos a noção de comemoração para o funcionamento na análise discursiva. Refletimos acerca da rememoração e da comemoração, definindo as duas noções separadamente. A rememoração, de um lado, como o discurso de, que funciona como interdiscurso e que pelo funcionamento do pré-construído, legitima e sustenta a comemoração. E de outro, a comemoração como o discurso sobre a atualidade. A rememoração/comemoração, juntas, constituem o intradiscurso fio do discurso do sujeito - como efeito do interdiscurso sobre si mesmo. A rememoração eixo vertical tem dois funcionamentos: como memória e como texto fundante. Dividimos o corpus discursivo a partir dos procedimentos de fazer crer , de De Certeau (1994) e do lugar de memória, noção desenvolvida por Nora (1984) e que na ordem do discurso se constitui, de acordo com Courtine (2006), como um sistema de arquivo, uma rede de formulações a partir da qual retornam enunciados que atualizam os dizeres e saberes de uma FD. A rememoração/comemoração é o lugar de memória desse
discurso e estrutura-se por quatro instituições da cidade: a Fundação Érico Verissimo, que organiza a memória discursiva e determina o que deve ser visibilizado e o que deve ser
apagado; a Unicruz (Fundação Universidade de Cruz Alta); o Poder Público Municipal e a Mídia. O imaginário urbano de que tratamos é Cruz Alta, cidade do interior do Rio Grande do
Sul, que se representa para dentro e para fora de seus limites como a terra de Érico Verissimo . O escritor é o objeto de rememoração/comemoração e se constitui como o objeto a (causa do desejo) e o objeto do desejo (o objeto desejado) e se materializa no fio do discurso pela perspectiva do sujeito desejante. Duas questões sustentam nossa reflexão:
a primeira é Como o objeto de rememoração/comemoração se constitui no espaço urbano? E a segunda: Que domínios de memória funcionam nesse discurso? O corpus de arquivo
abrange um espaço temporal que vai de 1969 a 2006. Dele recortamos textos exemplares do discurso a partir de lugares, que se constituem a partir do museu. Delimitamos quatro lugares: O museu, a Unicruz, o Poder Público Municipal e a Mídia. Trabalhamos com um corpus complexo, que se constitui de diferentes materialidades discursivas: documentário (dois), outdoors, placas e peças publicitárias que se materializam no fio do discurso por enunciados verbais e não-verbais. As análises apontaram o esforço de instituições urbanas de Cruz Alta em dar visibilidade ao objeto de rememoração/comemoração: Érico Verissimo.