Regulação de receptores esteróides e dinâmica folicular em um sistema de indução hormonal pósparto em vacas de corte
Resumo
O objetivo do presente estudo foi de elucidar a ação dos gestágenos e benzoato de estradiol (BE) no mecanismo de regressão prematura do primeiro corpo lúteo (CL) pós-parto, e desenvolver um sistema eficaz de inseminação artificial para vacas de corte amamentando. O efeito da pré-exposição a gestágenos e BE na expressão de receptor de estrógeno alfa (REα), beta (REβ) e receptor de progesterona (RP) no endométrio e CL foi avaliado após a primeira ovulação pós-parto. Dez vacas em anestro, 30 dias após o parto, foram divididas em grupo controle (AN) e tratamento (AN+MAP). No dia 0, os animais do grupo tratamento receberam 250 mg de medroxiprogesterona (MAP) em pessário vaginal por 7 dias e 5 mg de BE. Em ambos os grupos, a onda folicular foi acompanhada e a ovulação induzida para formação de um CL. Após 7 dias, foram obtidos tecidos luteal e endometrial. As amostras foram destinadas a expressão gênica (RT-PCR) e avaliação histológica endometrial e luteínica. A pré-exposição ao gestágeno no primeiro ciclo estral pós-parto resultou em uma maior expressão endometrial do RP (grupo AN+MAP; P<0,05) e um bloqueio da expressão dos REβ no tecido endometrial (P<0,05). No grupo AN+MAP, a altura do epitélio glandular endometrial e número total de células luteais grandes foram maiores do que no grupo AN. Visando promover o crescimento folicular compatível com resposta ovulatória, em vacas pós-parto, foi avaliada a dinâmica folicular, para determinar o melhor momento de aplicação do eCG e BE em associação ao MAP. As vacas receberam MAP por 7 dias e BE no Dia 0 ou 1, seguido de eCG no Dia 6 (B0E6 ou B1E6) ou 7 (B0E7 ou B1E7). Em dois grupos, os animais não foram injetados com eCG, mas com BE no Dia 0 (B0) ou no Dia 1 (B1). Todas as fêmeas receberam agonista de GnRH 45 h após remoção do implante vaginal. Os animais do grupo B0E6 mantiveram um diâmetro folicular médio de 8 mm até a aplicação do eCG e atingiram a média de 13 mm no momento do GnRH, com taxa de ovulação de 80%. Por análise de covariança, essa curva diferiu (P=0.0001) das demais, as quais atingiram média folicular final entre 8 e 12 mm e taxa de ovulação de 40%. A partir desses resultados, foi investigado um sistema de reindução de ovulação e estro e inseminação artificial em um processo misto de observação de estro e tempo fixo (IAETF) para vacas amamentando no período pós-parto. Um total de 553 animais foi dividido em indução hormonal (IH; Dia 0= BE e MAP por 7 dias, Dia 6= eCG, PGF2α e desmame temporário), desmame precoce aos 60 dias e monta natural. Não foi observada diferença nos índices de prenhez (85,0%) entre os grupos. No entanto, os terneiros do grupo IH, aos sete meses de idade, atingiram a média de 38 kg a mais do que os desmamados aos 60 dias. Com o objetivo de adequar a dose da gonadotrofina no sistema de IH, foram utilizadas 300, 400 ou 500 UI de eCG, não havendo diferença nos índices de prenhez (78,7%). Em conclusão, o MAP e BE regulam os receptores esteróides no endométrio e CL, evidenciando uma importante participação no mecanismo de luteólise prematura pós-parto. Além disso, esses esteróides participam da reestruturação pós-parto do endométrio e CL e, aplicados aos 60 dias pós-parto, associados ao eCG um dia antes da retirada do implante vaginal, resultam em maior eficácia reprodutiva em vacas de corte.