Neoplasmas ósseos e osteopatia hipertrófica em cães
Resumo
Esta tese envolveu o estudo de três grupos de neoplasmas que afetam os ossos de cães (neoplasmas
ósseos primários, metástases ósseas e neoplasmas multicêntricos com envolvimento ósseo) e uma alteração
óssea, muitas vezes paraneoplásica, conhecida como osteopatia hipertrófica. O estudo dos neoplasmas ósseos
primários envolveu aspectos epidemiológicos e patológicos importantes para o diagnóstico deste grupo de
tumores, com ênfase nos osteossarcomas. Foi realizado de forma retrospectiva, compreendo um período de 22
anos. Foram analisados laudos de casos de biópsias e necropsias de cães recebidos no Laboratório de Patologia
Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria (LPV-UFSM). Dos 90 neoplasmas ósseos primários
diagnosticados neste período, 89 eram malignos, sendo os osteossarcomas os mais prevalentes (86,7%). Em
relação aos osteossarcomas, a maioria dos casos ocorreu em cães de raças grandes e gigantes e entre seis e 10
anos de idade. Os neoplasmas envolvendo o esqueleto apendicular predominaram e foram 3,5 vezes mais
prevalentes nos membros anteriores que nos posteriores. O subtipo histológico predominante foi o osteoblástico.
Para o estudo dos neoplasmas que compreenderam o segundo e o terceiro grupos, ou seja, neoplasmas com
metástases ósseas ou o envolvimento ósseo em neoplasmas multicêntricos, foi realizado um estudo prospectivo
durante um período de três anos. Neste período, cães provenientes do serviço de necropsias do LPV-UFSM
foram avaliados. O esqueleto de 110 cães portadores de 118 neoplasmas malignos de diferentes origens foi
examinado em busca de lesões ósseas. Foram encontrados vinte e um casos de metástases ou neoplasmas
multicêntricos com envolvimento ósseo (19,1%). Em geral, as lesões ósseas afetaram mais as fêmeas. No
entanto, quando os neoplasmas originados na glândula mamária foram desconsiderados, a distribuição dos casos
de acordo com o sexo foi muito semelhante. Foram afetados cães com idade média de 9 anos e de diferentes
raças. A glândula mamária foi a origem da maioria dos tumores que metastatizaram para os ossos, seguida do
sistema músculo-esquelético e respiratório. A maioria das metástases foi detectada macroscopicamente e ocorreu
em múltiplos ossos. Entretanto, em 23% dos casos as metástases só puderam ser observadas microscopicamente.
Dentre os ossos afetados, vértebras e úmero foram os mais frequentemente acometidos. Paralelamente foram
estudados, de forma retrospectiva, sete casos de osteopatia hipertrófica diagnosticados em um período de 11 anos
no LPV-UFSM. Os cães afetados apresentavam sinais clínicos indicativos de envolvimento ósseo e lesões
macroscópicas principalmente nos ossos longos dos membros. As lesões consistiram de neo-formação óssea
periosteal, detectada em exame radiográfico, na inspeção óssea durante a necropsia e, com grande nível de
detalhamento, em espécimes ósseos macerados. A proliferação óssea observada era parcialmente circunferencial
e ocorreu principalmente na diáfise dos ossos longos. Era constituída por trabéculas ósseas de tamanho e
espessura irregulares que estavam dispostas de forma perpendicular ao córtex ósseo original. Em todos os casos,
as lesões de osteopatia hipertrófica foram associadas a neoplasmas pulmonares (primários ou metastáticos). Em
dois dos sete casos, as metástases pulmonares eram de sarcomas ósseos e, em um caso, havia um osteossarcoma
primário pulmonar (extraesquelético).