Respostas bioquímicas em carpas (Cyprinus carpio) expostas a duas formulações comerciais de inseticidas em condições de lavoura de arroz e em laboratório
Resumo
Os pesticidas são substâncias amplamente usadas na agricultura, pois os mesmos possibilitam o aumento da produtividade. Entretanto, seu uso desordenado e excessivo vem provocando diversos impactos sobre o meio ambiente. Em razão disso neste estudo investigaram-se os efeitos da exposição de carpas (Cyprinus carpio) aos inseticidas carbofuran (2 anos agrícolas) e fipronil (1 ano agrícola) em condição de lavoura de arroz irrigado por 7, 30 e 90 dias, bem como em condição de laboratório por 30 dias. Além de avaliações de parâmetros de crescimento e de resíduos dos pesticidas na água. A atividade SOD em fígado aumentou após 7, 30 e 90 dias de exposição a 50,0 μg/L de carbofuran sob condições de lavoura de arroz irrigado nos anos 1 e 2. Uma diminuição na atividade da CAT hepática foi observada após 30 dias de exposição em ambos os anos experimentais. Na atividade da GST em fígado ocorreu um aumento significativo após 30 dias de exposição, e uma diminuição após 7 e 90 dias em ambos os anos experimentais. Os níveis de proteína carbonil diminuíram após 90 dias no primeiro ano experimental. Durante o segundo ano experimental, os níveis de proteína carbonil foram reduzidos em todos os períodos de exposição. Em ambos os anos experimentais, os níveis de TBARS aumentaram significativamente em cérebro após todos os períodos analisados, enquanto que no fígado e músculo um aumento significativo ocorreu apenas após 30 e 90 dias de exposição. O carbofuran não influenciou significativamente o crescimento dos peixes quando comparado ao grupo controle em ambos os anos experimentais. A atividade da SOD em fígado aumentou enquanto a atividade hepática da CAT foi inibida nos períodos de 7, 30 e 90 dias de exposição ao fipronil em condições de lavoura de arroz irrigado. Não foram observadas alterações na atividade da GST em todos os períodos experimentais. O conteúdo de proteína carbonil aumentou após 30 e 90 dias de exposição, ao passo que, os níveis TBARS aumentaram em todos os tecidos analisados (músculo, fígado e cérebro) e períodos analisados. Em relação ao crescimento das carpas durante o período experimental, não foram observadas diferenças significativas nos peixes tratados com fipronil em relação ao grupo controle. Em um terceiro estudo realizaram-se avaliações em carpas expostas aos inseticidas carbofuran e fipronil por 30 dias em condições de laboratório. Ocorreu um aumento nos níveis de TBARS em fígado, músculo e cérebro dos peixes, assim como da carbonilação de proteínas em fígado após exposição a ambos os inseticidas testados. A atividade da CAT hepática permaneceu inalterada assim como a GST em fígado, músculo e cérebro tanto na exposição ao carbofuran como ao fipronil. O sistema antioxidante não enzimático
apresentou aumento dos níveis de GSH em fígado após exposição a ambos inseticidas, enquanto que, em músculo e cérebro não se alteraram. Assim como, demonstrou aumento nos níveis de ácido ascórbico em fígado, músculo e cérebro após exposição ao inseticida carbofuran. Após exposição ao fipronil somente ocorreu aumento dos níveis deste parâmetro em cérebro. A atividade da enzima AChE mostrou-se inibida em cérebro e músculo dos peixes após exposição a ambos os inseticidas. Os resultados obtidos nestes estudos mostram que os inseticidas carbofuran e fipronil provocam desordens em parâmetros bioquímicos nos peixes expostos em condições de campo bem como, em condições de laboratório. Evidenciou-se a ocorrência de estresse oxidativo, sem afetar na sobrevivência dos peixes, mas podendo ser prejudicial para a saúde destes.