Ação preventiva do cobre sobre alterações bioquímicas e comportamentais induzidas pelo mercúrio em ratos jovens
Abstract
Este trabalho investigou o efeito preventivo do cobre contra as alterações bioquímicas e comportamentais induzidas pelo mercúrio em ratos tratados subcutaneamente com salina ou CuCl2.2H2O (Cu 2,6 mg/kg/dia) do 3o ao 7o e com salina ou HgCl2 (Hg 3,7 mg/kg/dia) do 8o ao 12o dia de idade. Amostras teciduais de animais mortos 24 h ou 21 dias após o término da exposição ao mercúrio (13 ou 33 dias de idade) foram utilizadas para a análise da atividade das enzimas δ-aminolevulinato desidratase (δ-ALA-D) de sangue, fígado, rim e cérebro; acetilcolinesterase (AChE) de cérebro e cerebelo; parâmetros bioquímicos indicativos de toxicidade hepática e renal; e para a quantificação dos níveis de metalotioneínas (MT) hepática e renal e de metais (Hg, Cu, Zn, Fe e Mg) nos diferentes tecidos. Os animais foram submetidos às tarefas comportamentais: geotactismo negativo (3, 5, 7, 9, 11 e 13 dias de idade), imersão da cauda (13, 20 e 27 dias de idade), teste do béquer (17 aos 20 dias de idade) e locomoção forçada em cilindro giratório (25 e 30 dias de idade). A exposição ao mercúrio reduziu o peso corporal e cerebral e aumentou o peso renal; inibiu a atividade das enzimas δ-ALA-D hepática e renal, AChE de cerebelo e LDH sérica; e aumentou os níveis de uréia e creatinina sérica e MT hepática aos 13 dias. O efeito do mercúrio persistiu sobre o peso corporal e renal, a atividade da δ-ALA-D renal e níveis de uréia verificados aos 33 dias. Ainda, a exposição ao mercúrio causou um acúmulo deste metal em todos os tecidos analisados; aumentou os níveis de Zn e Fe hepático; e diminuiu os níveis de Fe e aumentou os níveis de Cu renal aos 13 dias. O efeito persistiu sobre os níveis de Hg hepático e sobre os níveis de Hg e Fe renal. Além disso, um decréscimo no peso de fígado e nos níveis de Mg renal e um aumento nos níveis de Zn em cérebro e cerebelo foram observados somente aos 33 dias. Em relação às tarefas comportamentais, ratos expostos ao Hg apresentaram prejuízo na função motora e força muscular verificados nos testes do geotactismo negativo e teste do béquer. A eficiência do cobre como tratamento preventivo foi imediata em parâmetros como atividade da AChE de cerebelo, níveis de creatinina sérica, conteúdo de Hg e homeostase dos níveis de Fe hepático. A prevenção das alterações sobre o peso corporal, renal e hepático, atividade da -ALA-D renal, níveis de ureia sérica e homeostase dos níveis renais de Fe e Mg foram observados aos 33 dias. Alterações comportamentais foram totalmente prevenidas. Além disso, a pré-exposição ao cobre causou uma redistribuição do mercúrio, decrescendo os níveis de Hg hepático e sanguíneos e aumentando os níveis renais aos 13 dias. Este efeito ocorreu em paralelo a um aumento dos níveis de MT hepática e renal, sugerindo que a MT hepática pode ligar-se ao Hg e transportar o metal tóxico para o rim a fim de ser excretado. Os resultados do presente estudo sugerem que o cobre pode ser considerado um potencial agente terapêutico em casos de intoxicação por mercúrio, mesmo quando avaliado tardiamente.