Caracterização biológica e fisiológica de buva (Conyza bonariensis L.) resistente ao herbicida glyphosate
Resumo
Conyza bonariensis, popularmente conhecida como buva, é a principal planta daninha da cultura da soja no Sul do Brasil, em decorrência de sua evolução como resistente ao herbicida glyphosate, alta adaptabilidade aos sistemas produtivos e elevada produção de sementes viáveis. O objetivo desse trabalho foi investigar a resistência ao glyphosate em Conyza bonariensis, a partir da avaliação do nível de resistência atual, herbicidas alternativos, aspectos do crescimento e desenvolvimento de biótipo resistente quando comparado ao suscetível ao herbicida, bem como determinar o mecanismo de resistência envolvido. O estudo foi dividido em três artigos sendo seus experimentos desenvolvidos no período de maio de 2012 a julho de 2013. Um experimento de curva-de-dose-resposta foi conduzido para determinar o nível de resistência apresentado pela buva. Concomitantemente, um estudo avaliou herbicidas alternativos ao glyphosate. Durante o outono-inverno e primavera-verão, desenvolveram-se dois experimentos de valor adaptativo para os biótipos suscetível (S) e resistente (R) ao glyphosate, onde foram mensuradas variáveis de crescimento e, produção e qualidade de sementes. Também foram desenvolvidos estudos relacionados e não relacionados ao local de ação do herbicida (enzima EPSPS), buscando-se elucidar o mecanismo de resistência ao glyphosate envolvido para a espécie C. bonariensis. O nível de resistência observado para o biótipo de buva foi elevado, com fator de resistência superior a 50. Herbicidas alternativos ao glyphosate foram eficazes no controle do biótipo de buva, comprovando a não ocorrência de resistência múltipla. O biótipo R apresentou valor adaptativo superior ao S a partir das variáveis analisadas, destacando-se como superior no desenvolvimento em estatura e acúmulo de massa seca, além de concluir o ciclo biológico em menor período que o biótipo S. Plantas R também apresentaram maior quantidade e melhor qualidade de sementes produzidas. Deste modo, o biótipo R tende a suprimir o S, mesmo na ausência da aplicação do herbicida, dissiminando a resistência e dificultando ainda mais o controle da buva. A partir dos estudos relacionados aos mecanismos de resistência ao glyphosate, pode-se inferir que o biótipo R da C. bonariensis apresenta alterações envolvendo a enzima EPSPS, alvo do glyphosate, implicando em sua insensibilidade ao herbicida. Portanto, o glyphosate deixa de ser uma ferramenta no manejo da C. bonariensis, sendo necessária a utilização de herbicidas alternativos associado a medidas de controle integrado de plantas daninhas.