Deficiência de ferro em grápia: efeito da adubação fosfatada e potássica
Resumo
Em estudos prévios realizados com a grápia (Apuleia leiocarpa (Vog.) Macbride) observouse que o aumento da adubação de fósforo induziu sintomas visuais de deficiência de ferro nas folhas. O potássio, em nível celular, pode contribuir para o balanceamento de cargas entre o citoplasma e o apoplasto, permitindo que a célula absorva quantidade de ferro necessária para suprimir tal deficiência. O objetivo do presente trabalho foi avaliar os efeitos da adubação fosfatada e potássica em relação à deficiência de ferro em plantas jovens de grápia, cultivadas num Argissolo Vermelho Distrófico arênico. Foram testados três níveis de adubação de P (80, 150 e 220 mg kg-1 de solo), três níveis de K (70, 110 e 150 mg kg-1 de solo) e três níveis de Fe, na forma de Fe-EDTA (0, 7,5 e 15 mg kg-1 de solo), totalizando 27 tratamentos, sob condições de casa de vegetação. Mensalmente, a partir dos 30 dias após a adubação (DAA) até o término do experimento, 180 DAA, foram avaliados o número de folhas, número de folhas caídas, altura da planta e o diâmetro do caule. Também, mensalmente, até os 150 DAA efetuou-se a contagem das folhas com sintomas visuais típicos de deficiência de ferro. Aos 150 DAA foi determinada a atividade da enzima citoplasmática δ-aminolevulinato desidratase. Aos 180 DAA avaliaram-se ainda a produção de matéria seca das folhas, do caule, da parte aérea, das raízes e do total da planta; a relação entre a matéria seca do sistema radicular e matéria seca da parte aérea, as características químicas do solo, assim como o teor e a quantidade total de P, K, Ca, Mg, Fe, Zn e Cu nas folhas da grápia. Semelhante ao registrado anteriormente para a grápia, constatou-se também no presente trabalho que a alta disponibilidade de P no solo induziu aparecimento de sintomas visuais de deficiência de Fe nas folhas. As relações entre os teores de P/Fe, P/Zn e P/Cu nas folhas aumentaram com a adubação fosfatada, enquanto que adubações de K e Fe diminuíram tais relações. Apesar disso, a adubação potássica não influenciou na formação do porfobilinogênio, molécula precursora da clorofila. Portanto, o aumento da disponibilidade do K não foi o suficiente para sanar o desbalanço nutricional causado pela adubação fosfatada.