Aspectos do controle biológico de Botrytis cinerea Pers. Ex. Fr. em videira
Resumo
O Rio Grande do Sul, o estado produtor de uvas mais importante no Brasil, colhe em
média 780 mil toneladas por ano. Um dos maiores entraves para a obtenção de
maiores médias de produção é a incidência de doenças de final de ciclo (DFC),
sendo Botrytis cinerea, agente causador da podridão-cinzenta, um dos maiores
responsáveis por perdas de produção no campo e na pós-colheita. Uvas tintas
podem apresentar maior resistência à podridão-cinzenta, devido à maior
concentração de compostos fenólicos. O uso de agentes de controle biológico
(BCAs) é uma alternativa promissora no controle da podridão de botrytis. Dessa
maneira, os objetivos deste estudo foram testar isolados do patógeno coletados das
duas principais regiões vitivinícolas do RS em confronto direto in vitro com isolados
de agentes antagonistas (Trichoderma spp e Gliocladium sp.) e testar os mesmos
isolados do patógeno em controle biológico semi in vivo com os isolados
antagonistas que obtiveram as maiores médias de atividade de biocontrole no teste
in vitro, na pós-colheita de uvas de mesa, em cultivares branca e tinta. Os isolados
de B. cinerea empregados foram UFSM SG01, UFSM SG02, UFSM SG 03, oriundos
da serra, e UFSM CM01 e UFSM CM02, oriundos da campanha meridional. Os
isolados antagonistas empregados no teste in vitro foram UFSM T20, UFSM T17,
UFSM T15.1 (oriundos de solo), UFSM TSG, UFSM TCM (oriundos de cachos de
uva coletados nas mesmas regiões de coleta do patógeno), de Trichoderma spp., e
UFSM G4DB, de Gliocladium sp.. Os isolados UFSM TSG, UFSM TCM e UFSM
T15.1 foram os três que obtiveram as maiores médias de atividade de biocontrole,
em geral acima de 50%, para todos os isolados de B. cinerea, testados em confronto
direto in vitro. Esses isolados BCAs foram selecionados para o teste de controle
biológico semi in vivo em bagas destacadas, em três períodos de inoculação: B+T,
antagonista e patógeno aplicados ao mesmo tempo; B+24hT, patógeno inoculado
primeiro e antagonista 24h após, T+24hB, antagonista aplicado primeiro e patógeno
24h após. O maior controle, assumido a partir do menor grau de dano, no período
T+24hB, evidenciou a importância do tratamento preventivo. Rachaduras em bagas
tiveram maior influência do que a coloração da casca na ocorrência da podridãocinzenta.