Análise da alimentação de Acestrorhynchus pantaneiro (Characiformes: acestrorhynchidae) em Três Rios do Rio Grande do Sul
Abstract
Para compreender o comportamento de uma espécie sob os aspectos de reprodução,
crescimento, natalidade, mortalidade e migração, é indispensável o conhecimento de seu
comportamento alimentar, ainda mais se tratando de peixes com hábito alimentar piscívoro que
ocupam o topo da cadeia trófica exercendo um papel fundamental na estruturação de
comunidades. Este estudo teve por objetivos analisar a alimentação do peixe-cachorro,
Acestrorhynchus pantaneiro em três rios do Rio Grande do Sul, verificando quais presas de
maior preferência e analisando a relação do tamanho da presa x predador, sendo que para o
Rio Vacacaí e Rio do Sinos a espécie é considerada alóctone para o sistema. Analisou-se 380
exemplares capturados bimestralmente entre os anos de 2010 e 2011 pra o Rio Jaguari, o qual
apresentou o índice de vacuidade de 0,74. Nos rios Vacacaí e dos Sinos foram analisados 225
exemplares, sendo 107 para o Rio Vacacaí, capturados em cinco pontos nas quatro estações
do ano, apresentando um índice de vacuidade de 0,62 e 118 exemplares capturados para o Rio
dos Sinos no verão e outono de 2011, apresentando resultado de IV de 0,41. No Rio Jaguari,
não foram constatadas diferenças entre ambiente lêntico e lótico, com relação à captura, os
bimestres com temperaturas mais elevadas apresentaram maior número de exemplares
capturados, sendo que a espécie estudada apresentou maior atividade alimentar ao entardecer
e à noite para o Rio Jaguari e à noite para os rios Vacacaí e Sinos. Através da análise do
tamanho da presa x predador pôde-se constatar para os três rios estudados que presas maiores
são ingeridas por predadores também maiores. A dieta da espécie apresentou-se
essencialmente piscívora alimentando-se preferencialmente de pequenos caracídeos
forrageiros. Estudos do comportamento alimentar de espécies piscívoras são necessários,
sobretudo de espécies alóctones, visando entender as relações dessas espécies como
predadores de topo de cadeia em ambientes aquáticos, controlando as populações forrageiras.