Fatores determinantes da variação do crânio de canídeos sul-americanos
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2016-02-19Metadatos
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Logo após a emergência completa do istmo do Panamá, a família Canidae colonizou a América do Sul, há, aproximadamente, 2.6-2.4 milhões de anos atrás. Embora a radiação dos canídeos seja recente na América do Sul, esta região compõe a maior diversidade atual de espécies desta família no mundo, com mais de 10 espécies viventes. Esta grande biodiversidade também é notável na variação ecomorfológica destes animais. Exemplo disso são os dois extremos desta variação: o lobo-guará (Chrysocyon thous), um animal onívoro de grande tamanho corporal; e o cachorro-vinagre (Speothos venaticus), espécie hipercarnívora de pequeno porte. Tamanha diversidade de formas pode potencialmente ser explicada tanto por fatores abióticos, como o clima, e bióticos, como a competição. Ambos os fatores podem ter contribuído para a estabilização da comunidade de canídeos sul-americana. Por isso, este estudo se propôs a investigar o que impulsionou esta amplitude ecomorfológica, bem como entender como espécies mais similares coexistem quando em sobreposição distribucional, como o graxaim-do-mato (Cerdocyon thous), que possui área simpátrica a Lycalopex vetulus e L. gymnocercus, duas raposas ecologicamente similares a Cerdocyon thous. Para tanto, 431 espécimens foram fotografados em nove museus da América do Sul. Através de procedimentos de morfometria geométrica, foi possível quantificar a variação fenotípica de oito espécies de canídeos (Atelocynus microtis, C. thous, C. brachyurus, L. culpaeus, L. griseus, L. gymnocercus, L. vetulus e S. venaticus), ao longo de sua distribuição geográfica, e então testar a contribuição dos fatores bióticos e abióticos nesta variação. As evidências deste estudo sugerem que C. thous altera sua forma e tamanho corporal quando em simpatria com as duas espécies de Lycalopex, padrão descrito pelo deslocamento de caráter , quando espécies semelhantes alteram seu fenótipo em simpatria, a fim de minimizar a competição. Além disso, C. thous também segue a regra de Bergmann, que prevê um aumento de tamanho corporal com o aumento da latitude. Ao considerar a comunidade de canídeos como um todo, o clima foi identificado como o fator que mais contribuiu para a variação fenotípica destes animais. A competição, por sua vez, tem um impacto mais fraco na morfologia do crânio dos canídeos sul-americanos, embora possa ter tido uma maior contribuição no passado, quando a diversidade ecomorfológica no subcontinente era ainda maior.