Respostas bioquímicas e hematológicas de jundiás (Rhamdia quelen) pré-alimentados com vitamina C e expostos a atrazina
Resumo
O presente estudo foi realizado no laboratório de Biologia Adaptativa e Toxicologia Aquática,
bem como no laboratório de Piscicultura, ambos pertencentes à Universidade Federal de Santa
Maria (UFSM). O objetivo geral foi avaliar os efeitos antioxidantes da vitamina C sobre
parâmetros bioquímicos e hematológicos de jundiás (Rhamdia quelen). O estudo foi dividido
em dois experimentos (fases), sendo os resultados do primeiro experimento base para o
segundo período experimental. A primeira fase constituiu-se na preparação da ração
suplementada com vitamina C, em 3 diferentes concentrações: (1) 0, (2) 500 e (3) 1000
mg/kg. Durante a suplementação foram coletados 10 peixes por dieta, nos dias 0, 7, 14, 21 e
28, com o intuito de realizar uma curva de concentração a fim de conhecer a quantidade
mínima de suplementação para que se obtenha os efeitos protetores da vitamina C. Em cada
coleta foram amostrados: sangue, fígado e brânquias, para posteriores análises bioquímicas e
hematológicas. Nossos resultados mostraram que a atividade da catalase (CAT), em fígado,
aumentou apenas no grupo 1, não havendo alterações significativas nos outros grupos. Os
níveis de peroxidação lipídica em fígado e brânquias foram reduzidos nos grupos 2 e 3,
quando comparado ao grupo 1. A atividade da glutationa-peroxidase (GPx) no fígado
aumentou tanto no grupo 2 quanto no grupo 3, quando comparado ao grupo 1. O nível de
proteína carbonil, em brânquias, foi elevado apenas no grupo 1, quando comparado com os
outros grupos. Em relação as atividade das enzimas glutationa-S-transferase (GST) e
superóxido dismutase (SOD), bem como ao nível dos tióis- não proteicos (NPSH), não houve
diferença significativa entre os grupos. A contagem total de eritrócitos (RBC), hemoglobina
(Hb) e hematócrito (HCT) aumentou em todos os grupos. Não houve diferenças significativas
em relação aos valores do volume celular médio (MCV) e da hemoglobina celular média
(MCH). A partir dos resultados obtidos observou-se que as quantidades de 500 ou 1000
mg/kg de vitamina C foram suficientes para a melhoria da capacidade antioxidante de
Rhamdia quelen, bem como foi estabelecido que 28 dias de alimentação seria um período
mínimo para se obter os resultados desejados. Por meio destes pressupostos iniciamos a
segunda fase do estudo, onde os animais foram alimentados por 30 dias com ração contendo
1000 mg/kg de vitamina C. Os animais foram divididos nos seguintes grupos: (1) controle -
vitamina C 0 mg/kg, (2) controle - vitamina C 1000 mg/kg, (3) exposição à atrazina -
vitamina C 0 mg/kg e (4) exposição à atrazina - vitamina C 1000 mg/kg. Após o período de
alimentação estes animais foram submetidos à exposição de Atrazina, na concentração de
10μg/L, por um período de 96 horas. O objetivo desta etapa foi verificar se essa quantidade de
vitamina C seria suficiente para a proteção dos peixes contra o estresse causado pela
exposição ao herbicida. Nesta etapa escolhemos realizar as análises apenas em fígado, uma
vez que a brânquia mostrou poucas alterações significativas na primeira fase do experimento.
Os resultados desta fase mostraram que em todos os grupos não houve diferenças
significativas na peroxidação lipídica. Entretanto, houve uma diminuição do conteúdo da
proteína carbonil no grupo 4, quando comparado com os outros grupos. Os níveis de NPSH
aumentou apenas nos grupos suplementados com 1000 mg/kg de vitamina C (grupos 2 e 4).
Não houve diferença significativa da atividade da enzima GST, em nenhum grupo. A
atividade da GPx aumentou significativamente no grupo 4 em comparação com os outros
grupos. A atividade da CAT diminuiu, tanto no grupo 3 quanto no grupo 4. Sendo assim,
concluímos que a vitamina C mostrou ser capaz de melhorar a proteção do fígado quando os
animais foram expostos a Atrazina. Logo, uma dieta suplementada com quantidades
adequadas de vitamina C, pode proporcionar tanto uma boa nutrição para os peixes, bem
como uma proteção contra fatores de estresse.