Qualidade física de solos irrigados do Rio Grande do Sul e do Brasil central
Resumo
As áreas irrigadas caracterizam-se pela intensificação dos cultivos, e por conseqüência, uma intensa utilização do solo. Isso resulta em uma maior pressão de degradação da estrutura do solo, ocasionando muitas vezes a compactação dos solos. O principal efeito refere-se ao tráfego de máquinas e equipamentos, que além de ser mais intenso, usualmente ocorre em solo com maior conteúdo de água, mais suscetível à compactação. A compactação altera as características do solo, diminuindo a aeração, infiltração de água no solo e aumentando a resistência mecânica à penetração, dificultando o crescimento dos vegetais. O objetivo do trabalho foi realizar a caracterização física dos solos irrigados de algumas regiões brasileiras, com vistas a promover uma base de informações para orientar a tomada de decisões relativas ao manejo de áreas irrigadas. O trabalho foi conduzido em áreas irrigadas sob pivô central, no Rio Grande do Sul (RS) e no Brasil central. Os perfis dos solos foram divididos em três camadas, superficial, intermediária e inferior. As amostras de solo foram coletadas na porção mediana de cada camada e realizou-se as seguintes determinações: textura do solo, densidade do solo (Ds) e de partículas, porosidade e conteúdo de água no solo nos potenciais de -0.001, -0.006, -0.033, -0.01, -0.5 e -1.5 MPa. Os solos foram agrupados em sete faixas de teor de argila assim descritas: 0-20; 20-30; 30-40; 40-50; 50-60; 60-70 e >70% de argila. Para cada faixa de teor de argila estabeleceu-se um valor crítico de densidade do solo (Ds) e de macroporosidade (macro), acima do qual (Ds) e abaixo do qual (macro), as amostras de solo foram caracterizadas com indicação de compactação. Em relação a indicação de compactação, as amostras de solos foram agrupados em quatro níveis: NC: amostra não compactada; C-D: amostra com indicação de compactação em função da Ds; C-M: amostra com indicação de compactação função da macro e CDM: amostra com indicação de compactação em função da Ds e macro. A maior freqüência das amostras de solo coletadas no Estado do RS foram classificadas na faixa de 40-50% de argila, na camada superficial e na faixa de argila superior a 70% nas camadas intermediária e inferior. No Estado de Goiás (GO), a maior freqüência das amostras coletadas foram classificadas na faixa de argila superior a 70% nas três camadas do perfil do solo. Em Minas Gerais (MG) observou-se que a maior freqüência das amostras de solo coletadas foi classificada na faixa de 20-30% de argila na camada superficial e 30-40% de argila nas camadas intermediária e inferior. No Estado da Bahia (BA) a maior freqüência das amostras coletadas foram classificadas na faixa de 0-20% de argila, nas três camadas do perfil do solo. Do total das áreas amostradas no RS, 66,5% apresentaram indicação de compactação do solo na camada superficial, 25% na camada intermediária e 9,5% na camada inferior. Na camada superficial, a faixa de 40-50% de argila apresentou a maior freqüência de amostras com indicação de compactação nos níveis C-M e C-DM e a faixa de 50-60% de argila no nível de compactação C-D. No Brasil central, 13,3% das áreas amostradas no Estado de GO, 24,1% das áreas de MG e 29,2% das áreas da BA, apresentaram indicação de compactação na camada de superficial. No Estado da BA, as amostras de solo coletadas na camada superficial classificadas na faixa de 0-20% de argila, apresentaram a maior freqüência de indicação de compactação nos níveis C-D, C-M e C-DM. Nos Estados de GO e MG a maior freqüência de indicação de compactação, na camada superficial, foi observada no nível C-M e ocorreu nas faixas de 20-30 e 30-40% de argila no Estado de GO e na faixa de 20-30% de argila no Estado de MG.