Qualidade da água para consumo humano ofertada em escolas e comunidades rurais da região central do Rio Grande do Sul
Abstract
No meio rural, incluindo as escolas rurais, a água destinada ao consumo humano pode não ter boa qualidade, em decorrência de problemas na sua captação e no seu armazenamento, deixando a população rural a mercê de contaminações e de doenças de veiculação hídrica. O presente trabalho tem por objetivos: a) realizar um diagnóstico da qualidade da água destinada ao consumo humano das escolas e comunidades rurais da Região Central do Rio Grande do Sul; b) verificar a
sua relação com o sistema de abastecimento utilizado, seu nível de manutenção, a situação higiênica dos estabelecimentos e a existência de fontes pontuais e difusas de poluição. Para tanto, selecionou-se os municípios de Jaguari, São Francisco de Assis, Santa Maria, São Sepé e
Tupanciretã, pois contemplam realidades agrícolas e sociais distintas. Nesses municípios, foram amostradas 34 escolas e comunidades rurais que não participassem de programas oficiais de monitoramento da qualidade da água. Realizaram-se, no prazo de um ano, três coletas de água, que foi caracterizada química, física, organoléptica e microbiologicamente. Além disso, os pontos de coleta foram caracterizados ambientalmente através de fotografias e de uma planilha descritiva. Dos 34 pontos monitorados, 64,7% são abastecidos por poço tubular, 35,3% tem captação de
água superficial e nenhum deles conta com tratamento de água e de esgoto. São Francisco de Assis é o município que apresenta águas com maior comprometimento de qualidade, pois quatro das suas oito escolas e comunidades rurais é abastecida por água superficial, oriunda de fontes e
poços mal construídos. Em contrapartida, o município de Tupanciretã apresentou o maior número de pontos com água de boa qualidade, em virtude de seis dos sete pontos serem abastecidos por poços tubulares e por executarem limpeza anual dos reservatórios de água. De todos os pontos
monitorados, 73,5% é abastecido por águas em discordância dos limites estabelecidos pela Portaria Nº 518/2004 do Ministério da Saúde para os parâmetros avaliados. Assim, conclui-se que grande parte dos usuários das escolas e comunidades rurais da Região Central do RS está
consumindo água fora dos padrões de potabilidade estipulados pela legislação brasileira e, que a melhoria da qualidade da água ofertada passa pela difusão de tecnologias de saneamento e pelo uso de metodologias eficientes para a educação ambiental dos moradores dos espaços rurais.