Variabilidade espacial e estimativa da condutividade hidráulica e caracterização física-hídrica de uma microbacia hidrográfica rural
Resumo
Os sistemas de manejo do solo implicam em mudanças nas suas propriedades físico-hídricas. O objetivo do estudo foi (i) caracterizar as propriedades físico-hídricas do solo na camada 0-5 cm para diferentes sistemas de manejo da microbacia hidrográfica Cândido Brum, (ii) construir um mapa com a variabilidade espacial da condutividade hidráulica do solo saturado (Ks), (iii) estimar a Ks a partir de outras propriedades físicohídricas do solo e (iv) testar a confiabilidade de funções de pedotransferência para a Ks
encontradas na literatura. O estudo foi conduzido na microbacia Cândido Brum, em Arvorezinha-RS, em que predominam os sistemas de manejo campo nativo, mata nativa, preparo convencional, plantio direto e preparo mínimo. Foram realizados contrastes ortogonais entre grupos de sistemas de manejo do solo, em que se comparou o efeito do
cultivo, do tipo de vegetação natural e pisoteio animal, das práticas conservacionistas e da cobertura permanente do solo. Foram realizadas determinações de densidade do solo,
porosidade, granulometria, carbono orgânico, grau de floculação, estabilidade de agregados, Ks, permeabilidade ao ar, retenção e disponibilidade de água e tensão de cisalhamento do solo. As propriedades físico-hídricas serviram também como variáveis de entrada para a elaboração de funções de pedotransferência para a Ks e para testes de confiabilidade de funções de pedotransferência encontradas na literatura. O mapa de variabilidade espacial da Ks foi construído a partir da interpolação dos dados com o método da krigagem. Os solos cultivados da microbacia apresentaram estrutura degradada, com pouca matéria orgânica e baixa estabilidade de agregados. O uso com campo nativo reduziu a macroporosidade, a Ks e a permeabilidade ao ar em relação aos outros sistemas de manejo do solo. As práticas
conservacionistas foram eficientes em aumentar a retenção e a disponibilidade de água no solo em relação ao preparo convencional. As variáveis que representam a estrutura do solo foram mais precisas em estimar a Ks que as variáveis granulométricas. As funções de pedotransferência encontradas na literatura, geralmente elaboradas para solos de clima temperado, não foram confiáveis na estimativa da Ks da microbacia. O alcance da dependência espacial dos valores de Ks foi de 141 m. O mapa de variabilidade espacial
possibilitou a visualização de áreas que necessitam de práticas de manejo e conservação do solo e da água.